Os generais de Donald Trump, confira com Palmarí de Lucena
O escritor Palmarí de Lucena comenta, em sua mais recente crônica “Os generais de Donald Trump”, sobre a nomeação de militares para cargos em governos civis, como ocorreu, aliás, no Brasil com a indicação de vários generais para cargos no Planalto. Confira a íntegra do comentário:
Nomeação de militares reformados para posições de liderança no Poder Executivo dos Estados Unidos, nem é uma raridade, nem algo peculiar ao estilo imprevisível do presente ocupante da Casa Branca. Existe, contudo, uma marcante diferença no caso da nomeação do General James Mattis para Secretário de Defesa, cargo claramente designado para a gestão civil. Reformando em 2013, a nomeação violou uma proibição da Lei de Segurança Nacional de 1947, estipulando que qualquer candidato para o cargo, não deveria estar na ativa por pelo menos sete ano. Tornou-se necessário uma isenção do Congresso permitindo a nomeação, algo que havia ocorrido uma única vez na democracia americana, sete décadas passadas no governo de Truman.
Opositores do Presidente Trump, receberam a nomeação do General Mattis entusiasticamente por considera-lo um militar de notável capacidade intelectual e favorável ao uso da diplomacia na resolução de conflitos. Muitos republicanos e democratas, chegaram a assumir ingenuamente, que a presença do ex-general e outros militares reformados, protegeriam o povo americano de políticas nos limites da xenofobia, isolacionismo e a desconstrução de mecanismos de cooperação multilateral. Paradoxalmente, foram estas propostas políticas as mesmas que elegeram um candidato presidencial com serias limitações na política externa, administração pública, tradição de ativismo político ou responsabilidade social. General Mattis renunciou em dezembro 2018, por estar em flagrante desacordo com as políticas isolacionistas do Presidente.
“[…] Considero o povo que constitui a sociedade ou nação como a fonte de toda a autoridade nessa nação; como sendo livre para conduzir seus interesses comuns através de quaisquer órgãos que julgue adequados […]”, sábias palavras de Thomas Jefferson sugerindo que é necessário exercer grande cautela quando o povo atribui a membros das forças armadas virtudes e qualidades de super-heróis, com a missão de protege-los contra a prevaricação e improbidade de políticos eleitos pelo povo.