O triunfo da incompetência, por Palmarí de Lucena
São cada vez mais emblemáticos os exemplos de políticos que pensam que sabem mais do que sabem, quando, na verdade, só revelam a própria incompetência. Esse é o mote da última crônica do escritor Palmarí de Lucena, “O triunfo da incompetência”. Confira a íntegra de seu comentário:
Entre os conselhos dos nossos país, o proverbio português “quem não tem competência, não se estabelece”, junto com o imperativo de sermos honestos, transformaram-se em um mantra na nossa formação. Trazíamos estes princípios bem guardados na memória, como se fossem o abracadabra para abrir a porta mágica das oportunidades e encarar desafios de um mundo cada dia mais complexo. Conhecimento e competência nos levariam a alcançar alturas que jamais havíamos imaginado…
Existe, porém, um fenômeno que aparenta contradizer ou pelo menos mitigar as verdades imbuídas nos ensinamentos dos nossos país. Certamente você já participou de uma conversa com amigos ou familiares onde alguém com pouco conhecimento sobre um assunto, professa ter um conhecimento profundo. Algo similar acontece nas narrativas de demagogos com notória falta de experiência política e questionável protagonismo, nos temas relevantes ao bem-estar do povo. Conhecido como o Efeito Dunning-Kruger, o fenômeno não é uma doença, síndrome ou problema mental.
A ignorância gera mais frequentemente confiança do que o conhecimento, uma reflexão de Charles Darwin confirmada em um estudo publicado no Journal of Personality and Social Psychology, por David Dunning e Justin Kruger em 1999. Pessoas incompetentes pensam que sabem muito mais do que sabem e tendem a expressar seus “conhecimentos” com arrogância. Chegando a conclusões erradas, elas optam por escolham infelizes, faltando competência para reconhecer seus equívocos.
A eleição de Donald Trump, um noviço político propenso a erros, falsidades e inverdades, é um exemplo crível da capacidade de pessoas incompetentes de alcançar seus objetivos, sem demonstrar competência ou a retitude dos seus princípios. Elegemos políticos obscuros, notáveis pelo vitríolo retórico e esoterismo político-religioso, nunca considerando se são capazes de assumir posições de liderança e de exercer diligência e cautela nas suas propostas de políticas públicas, reformas ou modalidades de gestão.