QUEM MANDA É verdade mesmo que RC atropelou João e assumiu o comando da disputa na Assembleia?
Durante a campanha ao governo, o então candidato João Azevedo chegou a ser tachado pelos adversários, em várias oportunidades, de “pau mandado” de Ricardo Coutinho. Os advogados do PSB chegaram, inclusive, a processar jornalistas que repercutiram as declarações. As ações, como se sabe, foram rejeitadas pela Justiça, por óbvias razões. Era por demais evidente.
Com isso, a ideia de ser ventríloquo, injusta ou não, ficou no imaginário de parte dos paraibanos. Então, quando montou sua equipe, João teve a primeira chance de tentar mudar essa imagem. Mas, optou por não fazer. Seu time foi praticamente o mesmo deixado pelo antecessor. Era mais do mesmo. Apesar do argumento de que ele precisava ser grato com o ex que tanto contribuiu para sua eleição.
Vamos que seja. O problema tem sido a sequência do campeonato. Quando se imaginava que João iria, aos poucos pelo menos, assumir sua própria identidade e impor a sua marca, eis que suas digitais não aparecem. O exemplo mais recente, afora outros, se dá nas tratativas para eleição da Mesa Diretora da Assembleia. João parece que está no jogo, nas articulações com os deputados, só que não.
No melhor estilo faça o que eu digo, não faça o que eu faço, o ex Ricardo Coutinho, que (muito antigamente) tanto criticava a influência externa, especialmente do Executivo, na disputa interna da Casa, não apenas e claramente tenta impor seus candidatos, como ainda passa por cima do governador eleito e empossado. Até anunciou que irá reunir a bancada (em tese, de João) para ele próprio pôr ordem na casa.
Nos bastidores da Casa, alguns deputados já falam abertamente que “o ex-governador é quem dá as cartas”. Resultado: a continuar nessa batida, João vai terminar dando razão aos seus adversários de campanha, e fixar uma imagem de figura decorativa, tipo rainha da Inglaterra, e terminar não sendo respeitado nem mesmo pelos seus subalternos.
Na verdade, João tem duas alternativas: ou aceita o jogo, e se entrega ao seu destino de governador do controle remoto algo que, aliás, poderá dificultar muito sua gestão, ou impõe sua identidade para poder, pelo menos, mostrar alguma independência. Sem necessariamente, é claro, romper com o ex-governador. É preciso pelo menos um pouco de equilíbrio.
O fato do ex seguir sem desencarnar do governo, e viver alimentado pela eterna ânsia de poder, é compreensível. Toda a Paraíba já conhece o afã de mandar de Ricardo Coutinho. Mas, João aceitar passivamente, pode não ser compreensível para a maioria da população.