Atrapalhadas no PDT: não é mais de coração pra coração
Poucas vezes se na Paraíba viu um festival de atrapalhadas como o protagonizado pelo PDT nestas eleições. Em João Pessoa, por exemplo, o partido seguiu na contramão de seus filiados e decidiu celebrar, por imposição, uma aliança com o PSB do governador RC.
Houve quem visse na operação uma opção de sobrevivência do deputado Damião Feliciano para preservar Renato Feliciano, na Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico. Renato que, por mera coincidência, é filho do deputado e presidente estadual.
Resultado: seus únicos vereadores (Raoni Mendes e Geraldo Amorim), os dois que realmente têm votos, migraram para apoiar a candidatura do deputado Luciano Cartaxo, ancorados no prefeito Luciano Agra, momentaneamente desafeto do governador RC.
Agora, o partido ameaça seus parlamentares. Deixou de ser de coração para coração. Primeiro, se tivesse ouvido sua militância, não havia fechado aliança com o PSB. Depois, como pode punir os vereadores, apenas porque seguiram com a vontade da maioria?
Em Campina Grande, foi bem pior. O partido virou barco fantasma. Inicialmente, ensaiou uma rebeldia, anunciando parceria com o PSB para indicar o vice de Romero Rodrigues. No fim, o senador Cássio mostrou quem manda por lá e indicou seu irmão Ronaldo Filho.
O PDT então entrou no limbo. Não realizou (pelo menos não publicamente) convenção, não indicou vice, não lançou candidatos a vereador. O próprio presidente municipal, Gustavo, filho do deputado Damião, confirmou que o partido está fora das eleições.
Talvez seja um caso único no País. É por essas e outras que o País precisa urgentemente de uma reforma política, para que determinados partidos deixem de ser capitanias hereditárias, de pai para filho. Porque, de coração pra coração, há muito não é mais.