Afinal, João Azevedo pode ou não perder o mandato de governador?
Uma pergunta começa a ficar recorrente em alguns círculos políticos, alguns, inclusive, bem próximos do governo: João Azevedo pode ser cassado por causa do escândalo da Cruz Vermelha? Pode e não pode. Pela via da Justiça Eleitoral, não. Os prazos para ações no Eleitoral estariam preclusos, e não há qualquer representação contra João remanescente da última eleição. A oposição dormiu.
Mas, na Justiça comum, pode sim, ser cassado. Se restar comprovado que os termos da delação do ex-assessor Leandro Nunes Azevedo são verdadeiros, e tudo levar a crer que sim, então pode, sim, ser processado e, eventualmente, cassado, uma vez que, nestas circunstâncias, seu mandato teria sido obtido por meios ilícitos, com dinheiro de caixa 2 e, o que é mais grave, com uso de propina.
E propina que, a julgar como verdadeira a delação de Leandro, veio de recursos públicos do Estado, numa triangulação. Ou seja, o governo pagou à Cruz Vermelha gaúcha para administrar o Hospital de Trauma, e parte desse dinheiro foi desviada para pagamento da campanha eleitoral. Saiu por uma porta, voltou por outra. E por muito menos políticos foram presos e cassados no esquema da Petrobrás, que funcionava da mesma forma.
Com a comprovação do ilícito fica caracterizado que o mandato foi obtido de forma ilegal. Crime. E, obviamente, haverá uma gradação de penas para cada um dos vários envolvidos. O coordenador da campanha, por exemplo, teria uma pena diferenciada. Porque, em tese, foi o gestor da operação. O coordenador, como se sabe, era o secretário Waldson de Sousa. Mas, há quem atribua maior poder de coordenador ao ex-governador Ricardo Coutinho.
Então, João corre, sim, risco de perder o mandato. Ainda que tenha pouca ou nenhuma participação no esquema. Um desastre que poderia ser atenuado, caso João começasse a agir com rigor, afastando envolvidos no escândalo, abrindo o governo e colaborando com as investigações de forma firme. Mas, pelo visto, o atual governador estaria tão compromissado com o ex-governador, que esse tipo de atitude parece fora de cogitação.
Então, nesse cenário, restaria a João esperar por um milagre.
Ah, sim. Em caso do afastamento de João (e sua vice Lígia Feliciano), o presidente da Assembleia, Adriano Galdino, assumiria o governo, até a realização de novas eleições. Para as quais, inclusive, ele poderia ser candidato.
TRECHO DA DELAÇÃO DE LEANDRO…