Entre a inverdade deslavada e o estilo de decidir tudo no grito
Ninguém em sã consciência pode torcer para um Governo dar errado. Quando erra, quem paga a conta é a população. Mas, o que dizer de um governante que insiste em errar e, pior, com seus erros seguir deliberadamente afrontando a população e a fé pública?
Duas características são marcantes no nosso ínclito, preclaro e insigne governador. O primeiro deles é o instinto de beligerância. Algo incompreensível porque, enquanto vereador e deputado, defendia o diálogo como principal arma da democracia. Agora, abdica desse recurso e passa ao uso da força.
Foi assim com o pessoal do Fisco. É sabido que chegou a ameaçar a categoria numa reunião pra discutir a questão do subsídio. Também foi assim com os professores. Só pra citar o caso mais recente: tentou aprovar, por duas vezes, a pulso, uma MP detonando o plano de cargos, sem qualquer diálogo.
É tão flagrante sua veia para o confronto que, em um ano e meio como governante, perdeu uma banda inteira do seu partido, o PSB, após maltratar aliados históricos como o prefeito Luciano Agra, Roseana Meira, Alexandre Urquiza, Nonato Bandeira, o vereador Bira e vários outros.
Na Assembleia, não tem sido diferente. Chegou, recentemente, a perder até mesmo um de seus deputados mais atuantes e fiéis, Edmilson Soares. É o caso de se perguntar: estão todos errados, pessoal do Fisco, professores, pessoal do Ipep, ex-companheiros de PSB e só RC está certo?
Trata-se de uma faceta que, obviamente, já traz muitos prejuízos ao Estado e a ele próprio, do ponto de vista político. Mas, há outra característica marcante: a propagação de inverdades, talvez imaginando que a população não esteja atenta. São vários os deslizes de seu Governo martirizando a verdade.
O primeiro deles foi, obviamente, afirmar que, ao assumir, o Estado estava quebrado. Os próprios balanços do Governo, publicados no primeiro quadrante da gestão, demonstraram ser uma inverdade. E de tal forma a população percebeu o engodo, que o bordão acabou caindo no anedotário.
A última delas foi com respeito ao empréstimo da Cagepa. O principal argumento utilizado pelo governador pra defender o projeto foi que os juros oferecidos pela Caixa Econômica Federal eram menores do que os praticados pelos bancos privados, nos empréstimos anteriores que pretendia quitar.
A afirmação foi, miseravelmente, derrubada pelos próprios documentos enviados pela Cagepa à Assembleia, e denunciados pelos deputados Gervásio Filho e Vituriano de Abreu. O que o governador dizia era uma inverdade deslavada. Ou lavada, quem sabe. Os juros da Caixa são maiores.
Então, que autoridade tem o Governo para cobrar a aprovação do pedido de empréstimo, quando age em confronto com a verdade? Então, voltamos ao início: ninguém em sã consciência pode torcer para um Governo errar. O problema é quando o governador erra e insiste no erro, porque esse é o seu estilo. Doa a quem doer.