Democracia e mídias sociais, confira com Palmarí de Lucena
O escritor Palmarí de Lucena, que esteve recentemente na Europa, traz oportunas observações, em sua mais recente crônica, sobre questões como democracia representativa, proliferação de fake news, e um novo populismo que reacende o conceito de luta de classes, “fundamentada por distorções históricas, nacionalismo peçonhento e uso de redes sociais”. Confira a íntegra de comentário “Democracia e a mídia social”:
Democracia representativa, mediada através de instituições criadas para garantir ações propulsionadas por ferramentas da mídia social, permitem a expressão de posições odiosas, de outra forma não permitidas, a proliferação de fake news e ao questionamento de aspectos fundamentais do Estado Democrático de Direito. Estamos na temporada de caça às instituições democráticas como o Supremo Tribunal ou de fato a imprensa livre, acusados de ser barreiras das “elites” contra as aspirações de pessoas comuns pelos protagonistas nas guerras culturais, fragmentando nossas sociedades.
A presente eleição em Israel expõe a toxicidade do populismo de uma nova “luta de classe” fundamentada por distorções históricas, nacionalismo peçonhento e uso de redes sociais para disseminar fake news contra adversários, reais ou imaginários. A Ministra de Justiça de Israel é um exemplo do novo modelo de fazer política. Na sua gestão e campanha eleitoral, defendeu valores considerados fascistas, como limitações no alcance e poder do Supremo Tribunal e propostas para deslegitimar e eviscerar certas atribuições do Poder Judiciário, um pilar importante da vida democrática do país.
No Reino Unido, o plebiscito que resultou no Brexit, é o vetor do impasse que fomenta uma situação de insegurança difusa sobre a economia e divisões que ameaçam a viabilidade do modelo parlamentar do país, até então considerado uma das mais estáveis democracias. A democracia plesbicitaria do Brexit sucedeu usando mentiras e fake news para atiçar sentimentos de nacionalismo, xenofobia e protecionismo.
É quase impossível coibir o potencial venenoso da mídia social no Brasil, enquanto não tivermos um modelo confiável de representação do País real no País oficial, como eleições distritais. A relação entre o povo e seus representantes deve ser a mais direta possível, para fazer ou desfazer leis, para encurtar ou encompridar mandatos, se esse encurtamento partir do governo, o resultado é opressão.