CASO DESK Empresário depõe em Corregedoria e fica frente a frente com procurador, secretário e juiz que denunciou
Imagine, meu caro Paiakan, uma mesma sala com a presença do secretário Waldson de Sousa (Planejamento), o procurador-geral do Estado Gilberto Carneiro e o empresário Flávio Rodolfo Pinheiro, responsável pelas denúncias que resultaram no escândalo da Desk. Pois foi o que ocorreu, na tarde dessa segunda (dia 8), na Corregedoria de Justiça do TJ.
Tudo começou quando Rodolfo acionou o Conselho Nacional de Justiça contra o juiz Aluízio Bezerra, citando num áudio vazado em que, supostamente, Waldson e Gilberto combinam fraude de licitação na área de saúde. Gilberto, apesar de não negar o teor da convenção, descartou que o ilícito tenha sido cometido, porque a licitação não teria ocorrido, em 2012.
Mas, na conversa, em algum momento, Gilberto aconselha Waldson procurar o magistrado, alegando ser ele favorável às causas do governo do Estado. De posse do áudio e de outros documentos que, pretensamente, provariam atuação do juiz sempre em favor do governo do Estado, especialmente nos últimos oito anos, Rodolfo acionou o CNJ.
Rodolfo, como se sabe, foi quem denunciou Gilberto por falsificação de documentos no caso Desk, fraudando, segundo ele, uma licitação para compra de carteiras escolas, ainda como secretário de Administração do então prefeito Ricardo Coutinho (João Pessoa). A ação corre na 1ª Vara Criminal, e já houve, inclusive, oitiva de testemunhas. O juiz Adílson Fabrício deve emitir em breve o seu julgamento.
Audiência – Na audiência dessa segunda-feira, Rodolfo, Gilberto e Waldson permaneceram na antessala por um longo tempo, enquanto Aluízio Bezerra era ouvido pelo corregedor, o juiz Marcos Sales. Quando chamado para apresentar seu depoimento, Rodolfo pediu que Bezerra deixasse a sala. Naquele momento, o constrangimento na Corte era imenso.
O depoimento de Rodolfo, que foi gravado, durou mais de uma hora, e será integralmente enviado para avaliação do CNJ. Além do vídeo, também vários documentos foram anexados.
A audiência foi um caso típico em que ninguém pagou na mão de ninguém…