PÂMELA E O JUDICIÁRIO – Um caso típico do quanto a Justiça é cega mas a injustiça podemos ver
Não há como se questionar a importância do Judiciário num regime democrático. É pelas vias judiciais que, normalmente, se estabelece o equilíbrio do mais fraco contra o mais forte. Mas, não há rigorosamente como negar que, muitas vezes, há leniência (pra dizer o mínimo) de setores da Justiça com aqueles que cometem delitos, especialmente se estão no poder.
Há como negar que a Justiça tarda e falha em casos como o Propinoduto, um escândalo vergonhoso que produziu até o sumiço de inquérito policial, com nomes de suspeitos e provas de corrupção? E o Jampa Digital, o crime de Bruno Ernesto, o caso Desk, Gari Milionário, merenda escolar, escândalo das organizações sociais, a Aije do Empreender? Tudo sem julgamento. Culpa de quem?
Do cidadão que paga impostos, do contribuinte que espera ter seu dinheiro aplicado na investigação e julgamento de culpados? Então, até dá para entender que uma crítica do Judiciário não deva ser generalizada, até porque em todas as categorias há bons e maus profissionais. Mas, não dá simplesmente para desconhecer a existência de erros e omissões do Judiciário. Não dá.
E, num regime democrático, o cidadão tem, sim, todo o direito de se queixar, reclamar, criticar, por que não? Não é esse mesmo cidadão quem paga a conta? Então, é preciso um mínimo de tolerância nas críticas as ex-primeira-dama Pâmela Bório fez a setores do Judiciário. Ela própria não tem sido vítima desses erros? Ou é certo uma mãe com endereço certo perder a guarda do próprio filho?
Sem Judiciário não há saída. É certo. Mas, antes de atacar cidadãos indignados com o óbvio da leniência, o Judiciário deveria olhar no próprio umbigo, localizar os maus magistrados e punir com a mesma ânsia com que tenta intimidar as pessoas que clamam por Justiça. Se a Justiça se desacredita não é por causa do cidadão que critica, mas por conta de seus próprios atos. Ou da falta deles.