CALVÁRIO A CAMINHO Quem será o próximo após a prisão e delação de Leandro, Livânia e Laura?
Importante, meu caro Paiakan, ficar atendo ao calendário da Operação Calvário. Desde que desbaratou, em 14 de dezembro de 2018, o esquema criminoso infiltrado na Cruz Vermelha gaúcha e Ipcep, e que teria movimentado mais de R$ 1,7 bilhão, o Gaeco já enquadrou os ex-assessores Leandro Nunes Azevedo e Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro e a ex-secretária Livânia Farias. Os três decidiram falaram. Mas, quem será o próximo?
Depois dos mais recentes fatos, como nova delação de Livânia, é previsível que, para os próximos dias, haja novidades na praça, especialmente em relação à colaboração de Maria Laura Caldas. Ela vinha se mantendo em segredo, mas, conforme murmúrios no Ministério Público, ela teria decidido contribuir com o curso das investigações. E, provavelmente, será solta, caso feche delação nos próximos dias.
A cronologia pode dar pistas do que está por vir.
Leandro – O ex-assessor foi preso em 1º de fevereiro de 2019. Durante um mês inteiro, houve especulações sobre delação, até que, em 1º de março, às vésperas do Carnaval, Leandro foi solto, após revelar grande parte do esquema criminoso, com modus operandi e nomes. Como resultado de sua colaboração, houve vários mandados de busca e apreensão, em 14 de março (15 dias depois)…
Leandro confirmou, entre outros, que, em 8 de agosto de 2018, ter recebido uma caixa de vinho com dinheiro em um hotel na orla do Rio de Janeiro, num flagrante gravado pelas câmeras de segurança do Ministério Público. A caixa foi entregue por Michele Louzada Cardoso, que atuava como secretária particular de Daniel Gomes da Silva, líder da organização criminosa.
Leandro também entregou sua ex-chefe Livânia Farias, revelando o recebimento de propinas e a compras de imóveis e automóveis, envolvendo vários de seus parentes.
Livânia – A ex-secretária foi presa a 16 de março (um mês e 15 dias após prisão de Leandro), em João Pessoa, quando retornava de uma viagem a Brasília e Belo Horizonte. Desde sua prisão, vicejaram especulações sobre a possibilidade de delação. Até que, em 23 de abril, ou seja, pouco mais de um mês depois, Livânia ganhou a liberdade vigiada, tanto quanto já ocorrera a Leandro.
Até onde a vista alcança, Livânia ofereceu contribuições decisivas aos integrantes do Gaeco (Ministério Público da Paraíba), tanto em relação ao esquema criminoso, quanto aos personagens envolvidos. As informações foram o suficiente para o Gaeco pedir sua liberdade, que foi prontamente atendida pela juíza Andréa Gonçalves.
Em sua decisão, a magistrada pontuou que não “subsistem mais os motivos autorizadores da medida extrema (prisão), notadamente porque as investigações imprescindíveis já foram encerradas”. Ou seja, a contribuição de Livânia foi considerada satisfatória, bem como as investigações que se desenrolaram a partir do que ela falou.
Laura – Em 30 de maio (um mês e 15 dias após), a força tarefa cumpriu 18 mandados de busca e apreensão, com a prisão de Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro, ex-assessora de Gilberto Carneiro, na Procuradoria-Geral do Estado. Ela também tinha fortes ligações com Livânia Farias.
Foi na casa de Maria Laura, no bairro do Costa e Silva, que o Gaeco e a Polícia Federal encontraram fitas utilizadas para maços de dinheiro. Pelas investigações, constatou-se que Maria Laura teve participação ativa no esquema infiltrado na Cruz Vermelha, que foi desbaratado pela Operação Calvário. A organização criminosa agia desviando dinheiro público da saúde para pagar propina a agentes políticos.