Gaeco aciona Defensoria e outros órgãos pra levantar se dinheiro desviado do duodécimo bancou esquema fraudulento
O Gaeco está acionando, através de requisição formal, a Defensoria Pública, o Judiciário, o próprio Ministério Público, Tribunal de Contas, Assembleia Legislativa e Universidade Estadual da Paraíba. O objetivo é levantar quanto o governo Ricardo Coutinho deixou de repassar em termos de duodécimo, e se esses recursos suprimidos foram utilizados para pagar a Cruz Vermelha e outras organizações sociais, ora em investigação pela Operação Calvário.
Um levantamento preliminar aponta que, por baixo, a retenção do duodécimo chega à cifra de meio bilhão de reais. Para se ter uma ideia, somente da UEPB foram mais de R$ 250 milhões, em oito anos. Da Defensoria Público, perto de R$ 80 milhões. E a Operação Calvário, como se sabe, desbaratou um esquema fraudulento infiltrado em organizações sociais que desviou milhões em recursos públicos.
R$ 2 bilhões –Levantamento recente apontou que organizações sociais como Cruz Vermelha gaúcha, Ipcep, Gerir, InSaúde, Ecos e ABBC faturaram, nos últimos oito anos, mais de R$ 2 bilhões. E, boa parte desse dinheiro repassado às OSs pode ter vindo precisamente do duodécimo suprimido dos demais poderes. Esta é a linha de investigação.
Irregularidades – Afinal, como se sabe, relatórios do Tribunal de Contas do Estado revelaram graves irregularidades na terceirização de hospitais, UPAs e escolas da rede estadual, investigações da Operação Calvário desbarataram quadrilha que, infiltrada na Cruz Vermelha e Ipcep, para citar duas das organizações sociais arranchadas na Paraíba, desviaram um volume considerável de recursos públicos para pagamento de propinas a agentes públicos.
Somente a Cruz Vermelha movimentou mais de R$ 1,1 bilhão, enquanto o Ipcep, que terceirou o Hospital de Santa Rita, faturou perto de R$ 200 milhões, entre 2017 e 2018, inclusive antes mesmo da unidade ter sido inaugurada. InSaúde e Ecos, que terceirizaram 652 escolas da rede estadual de ensino, vêm faturando nada menos do R$ 234 milhões por ano, nos últimos dois anos. Praticamente meio bilhão.
Flagrante – A julgar pelo que ocorreu com a Cruz Vermelha, onde, conforme a Operação Calvário, em apenas um mês (agosto de 2018), a organização criminosa desviou R$ 900 mil em recursos públicos, dá para presumir algo como R$ 20 milhões ao ano (considerando todos os demais contratos), sinalizam para uma montanha de propina que pode ter atingido mais de R$ 200 milhões, em oito anos.
Conforme flagrante da força tarefa, o ex-assessor Leandro Nunes Azevedo foi flagrado recebendo de Michele Cardozo (secretária de Daniel Gomes da Silva, chefe da quadrilha) uma caixa de vinho com R$ 900 mil, num hotel do Rio de Janeiro. Dinheiro que, segundo delatou, foi usado para pagamento de empresas fornecedoras da campanha de João Azevedo, Veneziano e Luís Couto, ano passado.