GRAMPO NA CALVÁRIO Gaeco investiga escutas criminosas de bandidos contra investigadores após escândalo da Cruz Vermelha
A ousadia dos malfeitores na Paraíba não tem limites. O Blog foi informado, nas últimas horas, que, logo após o desencadear da Operação Calvário, que desbaratou um esquema criminoso bilionário na Cruz Vermelha gaúcha, bandidos, provavelmente alguns dos envolvidos na organização criminosa, decidiram hackear os telefones dos integrantes da força tarefa.
O caso estaria, inclusive, sob investigação do próprio Ministério Público, através do Gaeco. Para as escutas criminosas, os bandidos teriam se valido de equipamentos sofisticados, as tais “maleta de grampo”, que são capazes de hackear conversas telefônicas por celulares. E há indícios de que até policiais de outros Estados teriam sido recrutados para a operação criminosa.
O propósito, conforme suspeita a força tarefa, seria de se antecipar aos passos do Gaeco nas investigações e, eventualmente, bloquear as ações da Justiça, ocultar documentos, dinheiro e outros indícios dos atos criminosos. A audácia dos criminosos tem surpreendido os investigadores que, até esperavam por reações após a deflagração da Calvário, mas não talvez com esse grau de sofisticação.
Calvário – A Operação Calvário, uma força tarefa envolvendo Gaeco, da Paraíba e Rio de Janeiro, além de policiais federais, foi deflagrada em dezembro de 2018, quando vários personagens foram presos. Entre eles, o empresário Roberto Kremser Calmon, que se encontrava num hotel em João Pessoa. No Rio, foi detido Daniel Gomes da Silva, considerado o cabeça da organização criminosa.
No desdobramento, já foram presos, na Paraíba, os ex-assessores Leandro Nunes Azevedo (já solto) e Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro, além da ex-secretária Livânia Farias (também já em liberdade). Leandro e Livânia formalizaram processos de delação premiada. Na sequência, houve vários mandados de busca e apreensão, um deles, inclusive, chegou ao ex-procurador Gilberto Carneiro.
Esquema – Conforma as investigações da Calvário, a organização criminosa movimentou mais de R$ 1,1 bilhão na Paraíba, em recursos resultantes da terceirização do Hospital de Trauma com a Cruz Vermelha gaúcha, mas envolveram também outra organização social, o Ipecep. Parte do dinheiro pago às OSs era retirada na forma de propina para agentes públicos.
Flagrante – O ex-assessor Leandro Nunes foi flagrado pela força tarefa, num hotel do Rio de Janeiro, recebendo uma caixa de vinho, contendo mais de R$ 900 mil, de Michelle Louzada Cardozo (também presa), ex-secretária particular de Daniel Gomes. O dinheiro, segundo Leandro, foi usado também para pagar fornecedor da campanha de João Azevedo, Veneziano Vital do Rego e Luiz Couto.