A Cagepa e o grande assalto em tempos de gatos e papagaios
O debate sobre o empréstimo da Cagepa é como revolver na lama. A cada dia surgem novas revelações estarrecedoras. A última delas é o que se pode chamar, nesses tempos republicanos, de um grande assalto. Não há melhor qualificativo para os vários empréstimos contraídos com o Banco Gerador.
E nem é pelo fato do banco ser, coincidentemente, de Pernambuco. O mote gerador do escândalo é a Cagepa ter feito, apenas em 2012, oito contratos que totalizam mais de R$ 32,1 milhões, e ter pago, antecipadamente, R$ 700 mil a título de “comissão de estruturação da operação”. Sério.
Vamos repetir: a Cagepa tomou R$ 32,1 milhões em empréstimos, mas só recebeu R$ 31,4 milhões. Já antecipou, no ato, R$ 700 mil. Só agiotas com alta rodagem na praça têm coragem de obrigar o tomador de empréstimo a antecipar pagamento de juros, ainda mais num patamar assim. Algo realmente inédito.
Os documentos apresentados, na manhã desta quarta-feira (dia 1), na Assembleia, pelo deputado Gervásio Filho revelam o descalabro a que chegou a empresa, que já foi a quarta melhor do Brasil. E, mesmo cometendo todas essas traquinagens, a diretoria da empresa ainda vem a público pedir mais empréstimo.
Tem razão o deputado André Gadelha, (que, aliás, ainda não se explicou sobre a MP dos Professores), quando cobra investigação da Polícia Federal em cima do que qualificou como agiotagem com o dinheiro do cidadão. Afinal, quem irá pagar a conta pelos desacertos da direção da empresa será o consumidor.
E, como se isso fosse pouco, a Cagepa teve a ousadia de assinar uma cláusula, estabelecendo que, se antecipar a quitação desses empréstimos, irá pagar a mais 5% na forma de juros ao Gerador. Até parece que já estava combinado para pedir o empréstimo da Caixa Econômica Federal a fim de liquidar esse papagaio.
Papagaio, que estava silencioso, até Gervásio resolver analisar os termos mais secretos dessa operação. E quando o papagaio resolveu grasnar produziu essa série de revelações estarrecedoras. A Assembleia tem agora a obrigação de investigar a empresa a fundo e descobrir quem colocou tanto gato em suas finanças.
Porque, apenas citando um exemplo, quem teve a coragem de contrair este tipo de contrato com o Banco Gerador, claramente lesivo ao patrimônio da empresa, pode ser capaz de muito mais. Afora o que se cometeu em outros tempos, que nem chegaram ao conhecimento do distinto público, porque o papagaio estava mudo.