É o meio-ambiente, idiota!, confira com Palmarí de Lucena
O escritor Palmarí de Lucena, em sua mais recente crônica, trata da nevrálgica relação entre as mudanças climáticas e as eleições. Para o escritor, que faz uma acerba crítica à política ambiental do presidente Trump, como um exemplo a não ser seguido, observa que, para as próximas eleições, os “políticos vão ter que demonstrar compromisso com legislação e incentivos para uso eficiente de energia no transporte, indústria e agricultura… para mitigar os efeitos do aquecimento global”.
Confira a íntegra de seu comentário “É o meio-ambiente, idiota!”:
O sucesso de Bill Clinton em 1992, deve-se em grande parte ao uso da visão estratégica “a economia, idiota!” cunhada por James Carville, como alicerce temático da campanha eleitoral. Estrategistas e pânditas de várias persuasões, apostam no meio-ambiente com um substituto ideal para a campanha presidencial de 2020, da mesma forma, que desvios éticos de Donald Trump expostos durante o processo de impeachment, serão uma espécie de chantilly no bolo da estratégia dos Democratas.
Políticos argumentam que mitigação de efeitos de mudanças climáticas ou proteção do meio-ambiente, sejam elas reflorestamento ou saneamento, não influenciam preferências eleitorais. Anulação ou limitação do impacto de mais de 80 padrões e regulamentos afetando a qualidade do ar e da água, reduzindo dano ambiental, uso de combustíveis de fontes renováveis, relegam o mandatário americano a ser unicamente responsável por retrocessos na preservação do meio-ambiente. Decisões baseadas em viés ideológico nacionalista, sob o pretexto de atrair investimentos para áreas protegidas e torná-las essenciais para o crescimento da economia americana.
Estamos na era do ciberativismo, presenciamos milhões de jovens tomar as ruas em todos continentes protestando contra o aquecimento global e demandando medidas concretas, para proteger gerações futuras dos efeitos do fenômeno. Formando um crescente bloco eleitoral, cujo impacto em eleições futuras pode determinar os objetivos de investimentos públicos e privados e a priorização de práticas e modalidades de desenvolvimento sustentável, proteção dos recursos naturais e da biodiversidade.
Políticos vão ter que demonstrar compromisso com legislação e incentivos para uso eficiente de energia no transporte, indústria e agricultura, motivando o mercado a desencadear uma explosão de inovações para mitigar os efeitos do aquecimento global. Guerras culturais e saudosismo ideológico, entorpecem o desenvolvimento humano e crescimento econômico, ouçam o clamor dos jovens: É o meio-ambiente, idiota!