SAI DA LINHA (vídeo) Bolsonaro ataca a Globo e Witzel por citação de seu nome no caso Marielle
Há poucos dias, em entrevista ao Congresso em Foco, o ex-ministro Gustavo Bibiano deu a senha: o presidente Bolsonaro, ou vai renunciar, ou será sofrerá um impeachment. Talvez pior: poderá tentar dar um golpe, uma ruptura democrática. Muita gente pensa como Bibiano (mais em http://bit.ly/31Zuvds). E essa impressão pode ter se intensificado, agora, com as novas revelações do caso Marielle Franco.
Impressiona o descontrole emocional do presidente em vídeo feito na Arábia Saudita, no qual profere impropérios contra a Rede Globo e o governador Witzel (Rio de Janeiro). A Globo, por publicar informação de processo que corre em segredo de Justiça, indicando revelações do porteiro do condomínio de Bolsonaro de que um dos suspeitos de matar a ex-vereadora teria ido à casa dele, no dia do crime. Witzel, por ter, supostamente, vazado a informação para a Globo.
É visível seu controle no vídeo. Ora ataca a Globo: “Por que, TV Globo? Por que, revista Época? Essa patifaria por parte de vocês. Deixe eu governar o Brasil. Vocês perderam. Vocês vão renovar a concessão em 2022, e o processo está limpo. Vocês estão apostando em me derrubar no primeiro ano.” Ora Witzel: “O senhor só se elegeu governador porque ficou o tempo todo colado com o (senador )Flávio Bolsonaro, meu filho. Ao chegar à presidência (sic), a primeira coisa que o senhor fez foi se tornar inimigo dele, para concorrer à presidência em 2022.”
É fato que Bolsonaro foi eleito por uma conjugação de fatores, e não necessariamente porque era o preferido dos que votaram nele. É certo que conseguiu fascinar grande parte da população mais conservadora do País, com seu discurso. Mas, houve a facada e estava latente o fator ao antipetismo, que, inegavelmente, contribuíram para sua eleição. Não significa, portanto, que os seus eleitores foram, necessariamente, bolsonaristas. Não são.
Então, ele começou a perder substância desse contingente já a partir de suas primeiras derrapadas, quando ficou patente seu despreparo para administrar um País tão complexo e também sua incontinência verbal, incompatível com o cargo. Depois, se viu que era um governo dos filhos, agravado com essa paranoia de que são todos contra o pai e, por isso, devem ser triturados. Vieram problemas com setores militares. A verdade é que sua situação ficou ainda pior, porque tornou-se inconfiável para os quartéis. E, é claro, veio todo o lamaçal interno no PSL.
Resultado: Bolsonaro perdeu popularidade e está isolado. E o maior risco que um presidente corre no Brasil é ficar isolado. Seu vídeo postado da Arábia Saudita revela a paranoia “do todos contra ele”, e mostra como o seu crescente isolamento reverbera no seu linguajar de caserna que, em vez de resolver seus problemas no caso Marielle, só acentuam. A verdade é que, pelo visto, o Brasil periga reviver novas cenas de uma ruptura democrática.
CONFIRA O VÍDEO…