Governo joga duro mas perde o passo na quarta de fogo da Cagepa
Deu de tudo na votação do pedido de aval para o empréstimo de R$ 150 milhões da Cagepa. Mas, não adiantou muito. O senador Cássio Cunha Lima, por exemplo, foi acionado pelo governador e telefonou para seus aliados, pedindo votos em favor do empréstimo.
O deputado Trócolli Júnior revelou, por outro lado, que seu colega Mikika Leitão foi pressionado a votar com o Governo, em favor do empréstimo, sob pena de ter a sua empresa de jogo do bicho impedida de continuar atuando no Estado. Mesmo assim, deu zebra.
O presidente Ricardo Marcelo, que estava na iminência de ir a Pernambuco acompanhar o sepultamento de um empresário, decidiu adiar, para que seu colega Edmilson Soares pudesse votar. Se Edmilson, na condição de vice, assumisse a presidência, era um voto a menos.
Também não surtiu efeito a revelação do secretário Luzemar Martins (Controladoria), afirmando que as dívidas da Cagepa não eram de R$ 118 milhões, conforme afirmara o presidente Deusdete Queiroga, mas R$ 170 milhões. Ficou a impressão que a diretoria da Cagepa tentou ludibriar a Casa.
De nada adiantou. Como previsto, o Governo amargou uma derrota da qual custará a se recuperar. Agora, é prudente meditar que, se o governador RC não estivesse experimentando tanta rejeição e impopularidade, certamente poderia ser outra sua sorte nessa guerra.
O outro detalhe, e isso ficou muito claro: o governador não tem confiabilidade. Basta pontuar que uma emenda do deputado Jutahy Menezes, que estabelecia critérios severos para a aplicação dos recursos, recebeu de imediato o apoio integral da maioria dos deputados.
Ficou a clara impressão de que os deputados votaram derrotando o Governo, em sintonia com o pensamento da sociedade. O Governo perdeu a guerra da comunicação, quando se constatou que as informações repassadas pela direção da Cagepa eram quase todas inverídicas e sem consistência.
Agora, diante da decisão da Assembleia, se o governador tivesse um mínimo de humildade, acataria a decisão e apoiaria a CPI da Cagepa, até para passar toda essa história a limpo. Aproveitaria para fazer uma reforma na direção da empresa, com apresentação de um plano de reestruturação.
Mas, em vez de adotar a prudência, o governador revelou não respeitar o Legislativo, anunciando recurso junto à Justiça pra tentar afrontar a Casa, com anulação da votação. Resumo da ópera: na base do contencioso, em vez de salvar a empresa, o governador pode contribuir para agravar ainda mais a sua situação.
Por fim, e para não passar em branco, é importante destacar que o Governo só obteve os 19 votos, porque contou com o adjutório dos deputados Mikika Leitão, Wilson Braga, Genival Matias, Toinho do Sopão e Doda de Tião. No particular, criticam o Governo, mas, no público, votam a favor.
Já os deputados Gervásio Maia, que desmoralizou os dados errados encaminhados pela direção da Cagepa, e Trócolli Júnior, que mobilizou deputados mais reticentes, chegaram a formar uma dupla do barulho e tiveram papel importante no resultado da votação.
O detalhe foi que do deputado Luciano Cartaxo, até o derradeiro instante, não demonstrava muito interesse em votar com a oposição. A deputada Daniella Ribeiro pouco participou das acaloradas discussões durante a tumultuada sessão desta quarta de fogo na Assembleia.