Girassóis trocam acusações de contravenção e fica tudo por isso mesmo
Quem desembarcasse, hoje, aqui na Paraíba, certamente imaginaria se tratar de uma guerra de contraventores, para usar um adjetivo mais leve, essa pesada troca de farpas entre o agrista Lucius Fabiani e os ricardistas Laura Farias e Coriolano (irmão do governador Ricardo) Coutinho.
Pela manhã, o superintendente da Emlur, Lucius Fabiani, fez seu desjejum acusando Laura Farias e Coriolano Coutinho de superfaturamento na compra de alimentos para a empresa. Por baixo, o sobrepreço teria sido de 100 a 200%. Foi uma garfada e tanto no coração do ricardismo.
Segundo Fabiani, 30 dias após ele assumir a Emlur, o valor pago pela mesma quantidade de gêneros alimentícios caiu pela metade. Os gastos mensais com a carne, muito forte nas gestões de Laura e Cori, caíram de R$ 120 mil para R$ 60 mil. Só não revelou pra onde ia a diferença.
Pois, mal virou o meio dia, Laura e Cori vieram para o revide. Os dois literalmente almoçaram Fabiani, a quem acusaram de desvio de R$ 200 mil, durante o pouco tempo em que foi titular da Sedurb. E lembraram que tiveram todas as contas aprovadas pelo TCE, diferente de Fabiani.
Dia desses, o governador Ricardo Coutinho acusou o prefeito Luciano Agra de ter transformado a Prefeitura num balcão de negócios. Poucos depois, o prefeito deu o troco na mesma moeda. Assim, se os dois estiverem falando a verdade, Estado e Prefeitura se tornaram empreendedores da contravenção.
Em qualquer país sério, denúncias dessa magnitude ensejaria uma imediata investigação, inclusive com o afastamento dos envolvidos de seus cargos, até que tudo fosse esclarecido. Ora, supertaturamento é crime, como também o desvio de recursos públicos. Mais ainda usar o erário em balcão de negócios. Ou já deixou de ser aqui na Paraíba?
Porém, mesmo com a gravidade das denúncias, o caso ficou por isso mesmo. Pelo menos até o momento, nem Ministério Público (alô doutor Oswaldo Trigueiro), nem a Justiça tomaram qualquer providência, até para saber se os dois falavam ou não a verdade. O mesmo ocorre, agora, com Fabiani, Cori e Laura.
O mais constrangedor, no entanto, é o cidadão assistir a todo esse festival de podridão, sem que nada ocorra com os supostos contraventores. O cidadão, que paga a conta dessa imoralidade com seus impostos, vê o quanto os poderes responsáveis para investigar e punir contraventores parecem estar cumplices. Pois, quem cala, consente.