A frustação diante de um cuiá de dúvidas
No momento em que o Supremo tenta passar o País a limpo com o julgamento do Mensalão, foi estranho o TRE da Paraíba não autorizar o aprofundamento das investigações sobre o Caso Cuiá. Ora, está mais do que óbvia a ocorrência de ilícito. E já nem propugno por cassação de mandatos e coisas do gênero, mas pelo esclarecimento amplo do escândalo.
O cidadão que paga impostos tem o direito de saber. E quando paga impostos, também paga salários. Por que sonegar informações de quem paga a conta desse menu? Alias, por que tanto esforço do governador Ricardo Coutinho, do prefeito Luciano Agra e até da ex-secretária Estelizabel Bezerra em impedir as investigações? Ora, quem não deve, não teme.
Pode-se dizer, meu caro Paiakan, que nesse caso houve uma desapropriação do direito do cidadão saber por que, no tempo recorde de 15 dias, a fazenda Cuiá foi avaliada e paga pela Prefeitura, em plena efervescência eleitoral. Por que tanta urgência se até hoje está exatamente como estava há dois anos? Não é parque e não é fazenda. É apenas área nebulosa.
É claro que sigo acreditando na Justiça como a mais importante instância da democracia, para assegurar o equilíbrio entre os mais fortes e os mais fracos. Mas, como cidadão, não posso me omitir de estranhar a decisão da Corte. Como se já não bastasse toda lentidão para julgar eventos de 2010. Talvez esteja até sendo injusto, mas esse sentimento é franco.
Será realmente uma pena se esse escandaloso Caso Cuiá terminar desapropriado em alguma gaveta da Justiça, acomodado no ar refrigerado pago pelo contribuinte.