DESASTRE NA EDUCAÇÃO Professores denunciam que estão ficando “sem turmas para lecionar” na Paraíba
O Blog recebeu, nas últimas horas, apelos de professores da rede estadual de ensino, para denunciar a desorganização no planejamento letivo, especialmente entre escolas regulares e de tempo integral. “Estamos ficando sem turmas para lecionar, correndo o risco de termos os nossos salários cortados porque não temos lugar para dar aula”, diz o relato de um dos docentes.
CONFIRA INTEGRA DE UM DOS DEPOIMENTOS…
Caro Helder Moura,
Sou professor da rede estadual da Paraíba, aprovado em concurso público em 2012, quando Ricardo Coutinho fora governador. Trabalho e resido na cidade de Mamanguape e sou professor da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor Luiz Aprígio, que fica no centro da cidade. Eu e muitos colegas da região do Vale do Mamanguape estamos passando por uma situação dramática e esdrúxula: estamos ficando sem turmas para lecionar, correndo o risco de termos os nossos salários cortados porque não temos lugar para dar aula. Permita-me explicar melhor.
Desde a chegada e implantação das várias Escolas Cidadãs Integrais na rede de ensino estadual, os professores estão passando por um processo incômodo de mudança de rotina e de local de trabalho. Isso acontece porque o professor concursado tem uma portaria para trabalhar 30 horas (20 horas em sala de aula e outras 10 horas planejando as suas atividades).
Nas chamadas Escolas Cidadãs Integrais, o professor que “desejar” estar nelas “precisa” (para não dizer que é obrigado a) aceitar trabalhar 40 horas semanais, de segunda a sexta, manhã e tarde. Acontece que muitos professores, devido a baixa remuneração, têm outros empregos e vínculos e não podem assumir esse “compromisso” de ficar internado nas escolas integrais. Não podendo ficar, o professor precisa deixar a unidade de ensino e procurar uma escola para ficar. Hoje estamos encurralados em poucas escolas chamadas “regulares”, não temos carga horária de trabalho e não temos para onde ir.
Estamos pedindo socorro, porque corremos o risco de ficar sem os nossos salários por falta de organização do Estado. Muitos professores estão nessa situação, não só em Mamanguape, mas em praticamente todas as grandes cidades na Paraíba (Guarabira, Sapé, Campina Grande, Patos, Souza, Cajazeiras, Itaporanga etc.). O mais grave é que o Governo do Estado, na ânsia de receber os recursos direcionados para as escolas integrais, está pintando as escolas e chamando-as integrais, recebendo e matriculando os alunos para ficar o dia todo na escola sem a estrutura adequada.
Se você viesse hoje à Mamanguape, você veria uma escola integral acabando de ser reformada para entrega (ECI Ruy Carneiro), mas que ainda funciona num espaço inadequado, outra que acabou de se tornar integral, mas que não tem o mínimo de estrutura (ECI Gustavo Fernandes); a ECIT João da Matta está abrigando outra escola que estava caindo aos pedaços (EEEFM Umbelina Garcez, que hoje está fechada e não começou nenhuma obra de reparo e funciona no prédio da escola técnica com estrutura arranjada).
A escola onde sou lotado, EEEFM Professor Luiz Aprígio, foi contemplada com reforma através do Orçamento Democrático, ano passado, mas não possui estrutura para funcionar, porque o prédio é muito antigo, não comporta a quantidade de alunos que tem matriculados e funciona sob péssimas condições. Estamos sofrendo com o abandono e falta de planejamento da Secretaria de Estado da Educação, Ciência e Tecnologia, que acabou de fazer concurso público e não sabe onde colocar os novos professores. Maioria dos professores não querem trabalhar as 40 horas, recebemos portaria para trabalhar 30 horas, não conseguimos trabalhar nem 20 horas na rede. E o salário ó.
Nós professores da EEEFM Professor Luiz Aprígio em Mamanguape estamos à disposição para recebê-lo, dar entrevistas e contar mais sobre o assunto.
Seremos gratos pela atenção que nos puder dar. Atenciosamente,
M. V., sofressor efetivo da rede estadual da Paraíba.