BRAÇO CARIOCA DA CALVÁRIO Processo está concluso para julgamento de Daniel e suas mil horas de gravações com RC e outros
Já se encontra concluso para julgamento da juíza Alessandra de Araújo Bilac Moreira Pinto (42ª Vara Criminal do Rio de Janeiro), desde o último dia 16, o processo da trata da organização criminosa desbaratada pela Operação Calvário. As audiências de instrução foram iniciadas em 26 de junho de 2019, com oitiva das testemunhas dos vários réus.
O julgamento envolve réus que interessam sobretudo à Paraíba pelas ligações com o braço do esquema corrupto do Estado, como Daniel Gomes da Silva, considerado o cabeça do esquema e que chegou a doar para a campanha de Ricardo Coutinho na eleição de 2010, através de seu tio Jaime Gomes. Daniel confirmou, em sua delação, que esteve várias vezes na Paraíba para negociar pagamento de propinas a agentes públicos.
Na instrução, Daniel entregou mil horas de gravações com Ricardo Coutinho e outros integrantes do esquema.
Daniel, que foi preso em 14 de dezembro de 2018 quando retornava de Portugal, fechou parceria com Ricardo Coutinho em julho de 2011, ou seja, no ano seguinte à eleição, para terceirização do Hospital de Trauma pela Cruz Vermelha gaúcha. O contrato foi mantido, atingindo um faturamento de mais de R$ 1,1 bilhão.
Outra personagem Michele Louzada Cardoso, secretária particular de Daniel. Na eleição de 2014, ela confessou ter vindo à Paraíba em avião fretado trazendo dinheiro para a campanha à reeleição de Ricardo Coutinho, ante a iminente vitória de Cássio Cunha Lima, que havia vencido o primeiro turno.
Michele também foi flagrada entregando caixas de vinho com mais de R$ 900 mil ao ex-assessor Leandro Nunes Azevedo, num hotel do Rio de Janeiro, quando também foi presa em flagrante.
E tem ainda Roberto Kremser Calmon, o empresário preso num hotel de luxo em João Pessoa, em 14 de dezembro do ano passado, na primeira fase da Calvário. Kremser era integrante do esquema e, conforme as investigações da força tarefa, operava para prospectar o roteiro dos pagamentos às organizações sociais e definir os valores que deveriam ser repassados aos agentes públicos beneficiários das propinas.
Julgamento – É possível que haja, nos próximos meses, o desfecho do julgamento, quando estarão abertas ao distinto público muitas revelações dos réus e testemunhas do esquema criminoso, inclusive quanto os principais atores da organização na Paraíba, envolvendo o chefe da célula no Estado e todos os seus súditos e prepostos.