CALVÁRIO NA PANDEMIA Ricardo Coutinho e mais doze são denunciados por esquema de fraudes na contratação da Cruz Vermelha
O ex Ricardo Coutinho e mais um time de doze pessoas, incluindo os ex-secretários Waldson de Sousa, Livânia Farias e Gilberto Carneiro, acabam de ser denunciados pelo Ministério Público (Gaeco). Eles foram apontados como integrantes de uma organização criminosa acusada de cometer delitos de corrupção na contratação da Cruz Vermelha gaúcha, entre 2011 e 2018, durante a terceirização do Hospital de Trauma.
É a quinta denúncia contra o ex-governador, que é apontado como o cabeça da organização criminosa. Também foram denunciados, além de RC, Gilberto, Livânia e Waldson, Aracilba Rocha, o ex-senador Ney Suassuna, o lobista Daniel Gomes da Silva, Jovino Machado da Nóbrega, Fabrício Suassuna, Otto Hinrichsen Júnior, Edmon Gomes da Silva, Saulo de Avelar Esteves, e Sidney da Silva Shmid.
De acordo com a nova denúncia Ricardo Coutinho recebeu, ainda na campanha de 2010, a quantia de R$ 500 mil da parte de Daniel Gomes da Silva, na forma de doação. Uma parcela de R$ 200 mil, dele próprio Daniel e mais outra, de R$ 300 mil, inclusive pouco depois do pleito, de Jaime Gomes, tio de Damião. Segundo a denúncia, a doação era um acerto prévio pra que o governo contratasse a Cruz Vermelha, o que efetivamente ocorreu em julho de 2011.
Os recursos desviados apenas nesta operação teriam provocado prejuízo de R$ 20 milhões aos cofres públicos, nos contratos do Hospital de Trauma, entre 2011 e 2019, período no qual a Cruz Vermelha Brasileira esteve à frente do Hospital de Trauma. A denúncia diz ainda que desde o primeiro ano havia esquema de corrupção com a criação, inclusive, “de caixa de propina para o enriquecimento ilícito de autoridades”.
Devolução – Na ação, o Gaeco pede devolução de R$ 6.597.156,19, correspondente ao que foi desviado ilicitamente do tesouro”, sendo R$ 4.100.737,24 referente ao pagamento indevido da taxa de administração, R$ 1.408.335,47 vinculado ao pagamento por bens e serviços não fornecidos e R$ 1.088.083,48 arraigado ao desvio de recursos do contrato de gestão do Trauma.
CINCO DENÚNCIAS – Ricardo Coutinho recebeu cinco denúncias, desde a Operação Calvário (Juízo Final), em dezembro de 2019. A primeira aponta o ex-governador como cabeça da organização criminosa desbaratada pelo Gaeco. A segunda trata da contratação de dossiês contra conselheiros do Tribunal de Contas do Estado. A terceira, sobre o dinheiro encontrado na caixa de vinho, em agosto de 2018. A quarta, por fraudes eventualmente cometidos através da empresa Lifesa. E esta mais recente, envolvendo a terceirização do Trauma com a Cruz Vermelha gaúcha.