MISTERIOSO CASO DA CAIXA DE VINHO Segue sem despacho desde maio denúncia do Gaeco contra Ricardo Coutinho em que três juízes averbaram suspeição
Encontra-se ainda sem desfecho a denúncia formulada pelo Gaeco, em 13 de maio último, referente ao caso das caixas de vinho com R$ 900 mil. O processo segue com a juíza Michelini Jatobá (8ª Vara Criminal) e está concluso para despacho desde 25 de maio. A denúncia envolve o ex Ricardo Coutinho, além do lobista Daniel Gomes da Silva e sua secretária Michelle Louzada, além de Livânia Farias e Leandro Nunes Azevedo.
Em agosto de 2018, como se sabe, houve flagrante da Polícia Federal, num hotel do Rio de Janeiro, com o dinheiro na caixa de vinhos sendo entregue por Michelle Louzada Cardoso a Leandro Nunes Azevedo. Na denúncia, o ex-governador é apontado pelos demais denunciados, além do Gaeco e PF, como o cabeça da organização criminosa desbaratada pela Operação Calvário. E também como beneficiário da propina.
Houve a denúncia do Ministério Público, em maio, e o detalhe é que, de forma pouco usual, três outros juízes já se averbaram suspeitos, alegando razões de foro íntimo. Pela ordem, se averbaram os juízes Giovanni Magalhães Porto (5ª Vara Criminal), Shirley Abrantes Moreira Régis (6ª Vara Criminal) e Geraldo Emílio Porto (7ª Vara Criminal), até que o processo chegou para Michellini Jatobá.
A 8ª Vara Criminal é voltada mais para crimes associados a Delitos de Tóxico e Acidentes de Trânsito. Mas, mesmo assim, a magistrada tanto pode despachar nos autos a denúncia do Gaeco (acatando ou não), como também se averbar suspeita, como procederam os demais juízes. Neste caso (averbando suspeição), o processo deve ser distribuído para o juiz Adílson Fabrício (1ª Vara Criminal).
Até esta terça (dia 21), no entanto, o processo segue “concluso para despacho”, mas… sem despacho.
Denúncia – A denúncia cita “evento criminoso em que Leandro Nunes Azevedo esteve no Rio de Janeiro/RJ, em agosto de 2018, por ordem de Livânia Maria Farias e sob o comando maior do ora denunciado Ricardo Vieira Coutinho, e ali dolosamente recebeu cerca de R$ 900.000,00 (novecentos mil reais) das mãos de Michelle Louzada Cardoso, então secretaria de Daniel Gomes da Silva.”
E aponta Ricardo Coutinho como “destinatário final de todos os valores ilícitos angariados pela Orcrim telada, gozava o denunciado das vantagens políticas proporcionadas por eles, especialmente no caso sob exame, em que parte do supracitado montante foi utilizado no plano da organização criminosa de manter a captura do poder político do Estado da Paraíba, o que era fundamental para a continuação dos esquemas de desvios de verbas públicas encetados”.