CASO BRUNO ERNESTO Um ano e quatro meses depois juíza acata parecer e manda arquivar processo contra Ricardo Coutinho
Um ano e quatro meses após receber os autos do processo que trata do assassinato de Bruno Ernesto, a juíza Francilucy Rejane de Sousa Mota (2º Tribunal do Júri) decidiu acatar parecer do promotor Marcus Leite, e determinou seu arquivamento. Em seu despacho de 6 de agosto último, a magistrada disse não ter vislumbrado “elementos suficientes para embasar uma denúncia” contra o ex Ricardo Coutinho.
O ex-governador, como se sabe, foi investigado pelo Ministério Público Federal, no inquérito 1.200, que tramitou no Superior Tribunal de Justiça, até o final de 2018. O processo desceu para o Estado, após Ricardo Coutinho deixar o governo e perder o fogo privilegiado. Em maio de 2019, o promotor Marcus Leite emitiu parecer pelo arquivamento do processo, e os autos foram remetidos à magistrada.
Suspeição – Os advogados Aluízio Lundgren Corrêa Regis e Herman Lundgren Corrêa Regis, constituídos por Inês Ernesto do Rego Moraes e Ricardo Figueiredo de Moraes (pais de Bruno Ernesto) pediram a suspeição do promotor e da juíza.
No caso de Marcos Leite, “pela proximidade óbvia com o investigado Ricardo Coutinho, já que é genro de Carlos Pereira, superintendente do DER, e um dos auxiliares mais ligados ao ex-governador, além de ser primo do secretário Hervázio Bezerra, que foi líder do governo RC”.
Quanto à juíza Francilucy, a argumentação fundamenta no fato dela ser nora da Emília Brandão, vice-prefeita de Mataraca, filiada ao PSB, e uma das militantes mais próximas do ex-governador, conforme atesta farta documentação anexa. Como se sabe, Marcus Leite emitiu parecer pelo arquivamento do processo investigatório contra Ricardo Coutinho. Francilucy ainda não se manifestou nos autos.
A mãe – “Eu espero, há sete anos, que a Justiça dê uma resposta ao bárbaro assassinato de meu filho, diante de todo um arsenal de indícios de execução, a começar pelo fato de que a arma e as munições utilizadas no crime que eram de propriedade do Estado e o governo, em nenhum momento, se manifestou sobre o assunto, e sequer deu satisfações à sociedade”, declarou Inês.
O crime – Quando foi assassinado (em 7 de fevereiro de 2012), Bruno Ernesto era diretor de Infraestrutura e Suporte da Prefeitura de João Pessoa, por isso sua inevitável associação com o escândalo do Jampa Digital, já que ele era um dos coordenadores do programa que, dois anos depois, foi escândalo nacional, com uma extensa reportagem do Fantástico (Rede Globo).
Naquela noite de fevereiro, por volta das 19h, Bruno foi sequestrado pela quadrilha próximo à sua residência, no bairro dos Bancários, colocado na mala do próprio carro (um Corsa Sedan) e levado a uma área deserta da Zona Sul. Após se apropriarem de seus bens, inclusive um notebook, ele foi assassinado com um tiro na nuca, mesmo pedindo para não ser morto. Revelação de um dos criminosos.
Também restou comprovado que eles sabiam de toda a rotina de Bruno, antes de executar o plano. Tinham, como se suspeitou, informações privilegiadas sobre seu trajeto.
Eles foram presos, quando dirigiam o carro por um bairro de João Pessoa. Segundo o inquérito, concluído poucos meses depois, o caso foi de latrocínio. Os sete foram julgados e condenados, com pena máxima. E o caso foi dado como encerrado.
Execução – O tiro na nuca, para a Polícia, é sinal de execução. Às vezes, por encomenda. Em entrevista à Imprensa, alguns bandidos chegaram a admitir terem sido contratados para realizar “o serviço”.
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