PENSAMENTO PLURAL América First Brasil depois, por Palmarí de Lucena
O escritor Palmarí de Lucena observa, em sua crônica, que a política externa brasileira, nos tempos atuais, tornou-se extremamente “nos caprichos e fantasias de Donald Trump”, e isso faria com que “parceiros importantes do Brasil estão em compasso de espera em negociações importantes com o Itamaraty, enquanto aguardam o desfecho da disputa presidencial nos Estados Unidos”. Confira a íntegra do comentário…
O Brasil sofreu recentemente várias derrotas diplomáticas para o Governo de Donald Trump, apesar de nenhuma delas surpreender especialistas com conhecimento direto das relevantes negociações. Os reveses aconteceram, segundo uma matéria da BBC News, devido a bizarra proatividade do Itamaraty na promoção de interesses dos Estados Unidos à revelia de interesses nacionais. Servindo como protagonista extraterritorial da campanha do candidato Trump, oferecendo benefícios tarifários e quotas vantajosas a produtores americanos, enquanto aceita passivamente restrições protecionistas às exportações de commodities agroindustriais e produtos siderúrgicos brasileiros, para beneficiar estados americanos prejudicados pela guerra comercial com a China.
Apesar de um corte de 80% a importação de aço brasileiro até o fim do ano, ou seja, após a realização da eleição americana, o governo brasileiro decidiu expandir o prazo de importação de etanol americano pelo o mesmo período com tarifas mais baixas, contrariando os interesses dos produtores brasileiros. Enquanto isso, o Brasil tenta sem nenhum sucesso, convencer os americanos a cortar a taxa de 140% imposta há décadas. O etanol americano é produzido a partir do milho cultivado nos estados do Centro-Oeste do país, todos colégios eleitorais fundamentais para a reeleição de Trump. Intromissão flagrante na política doméstica americana, a estratégia esbanja o forte odor de subserviência dos bananais de republiquetas Latino-americanas de alhures.
A política externa brasileira é tão dependente nos caprichos e fantasias de Donald Trump, que parceiros importantes do Brasil estão em compasso de espera em negociações importantes com o Itamaraty, enquanto aguardam o desfecho da disputa presidencial nos Estados Unidos. Além de questionamentos de aliados tradicionais e a comunidade internacional como um todo, a relação preferencial do Itamaraty com a Casa Branca tampouco produziu vantagem comercial para o Brasil, na realidade, exportações brasileiras para o mercado americano caíram 32%, uma redução bem maior do que a desaceleração média causada pela pandemia a balança comercial.
Episódios embaraçosos para a diplomacia brasileira, do lobby do Itamaraty pela nomeação de um assessor da Casa Branca, como Presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, algo que não acontecia desde a fundação do organismo e visita do Secretário de Estado Americano a Roraima para denunciar Nicolás Maduro, com todos requintes de uma parada obrigatória da campanha do republicano, causando profundo desconforto e criticismo no Senado Brasileiro, países Latino-americanos e membros do Congresso dos EUA. Postura pseudonacionalista tabajara da diplomacia brasileira, quando se trata de Donald Trump e os interesses americanos. Yes, we have bananas!
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