PENSAMENTO PLURAL Superdisseminador, por Palmarí de Lucena
O escritor Palmarí de Lucena aborda, em sua crônica, como os chamados superdisseminadores disseminam, de forma descomunal, o coronavírus entre as pessoas com as quais tem contado. Palmarí indaga se o presidente Trump, diante dos mais recentes episódios de contágio pela Covid-10, não seria ele próprio um superdisseminador da pandemia. Confira a íntegra do comentário…
Superdisseminador é um termo usado frequentemente por infectologistas, para caracterizar uma pessoa com uma doença contagiosa, que infecta dezenas de pessoas. Indivíduos com este perfil estão contribuindo descomunalmente para a propagação do CONVID-19. Cientistas têm identificado superdisseminadores como responsáveis pela contaminação de inúmeras pessoas, embora afirmando ao mesmo tempo que outras testando positivo, não aparentaram haver contribuído para o contágio, sugerindo que talvez esta seja uma razão por que o vírus se espalhou ou se limitou em alguns lugares.
Donald Trump é um superdisseminador ou vitima de um contato com uma pessoa deste perfil? Inversamente, seria possível que um evento para angariar fundos em New Jersey, se haja transformado em um evento supercontagioso? Rastreadores de contágio começam a contagem de pacientes a partir de dois dias do aparecimento de sintomas. Quando a pessoa é o Presidente dos Estados Unidos, no entanto, a lista pode tornar-se longa rapidamente e quase impossível de uma conclusão definitiva. Muitos epidemiologistas argumentam que a resistência do Presidente ao uso de máscara e o fato de participar em eventos sem observar distanciamento social, pode ser um fator decisivo na proliferação do vírus. A súbita hospitalização do primeiro mandatário tornou-se um choque com a realidade, para um povo sofrendo de fadiga de COVID-19.
Outra preocupante faceta do COVID-19, é o fato do Presidente Donald Trump agir como superdisseminador de desinformação. Como homem de negócios, ele comportou-se como um mentiroso congênito, telefonando fake news sobre sua pessoa para tabloides de New York, mentindo sobre sua fortuna, exagerando até sua altura. Como candidato, criou um factoide sobre a certidão de nascimento de Barack Obama, declarou falsamente que o pai do Senador Ted Cruz havia ajudado assassinar John Kennedy e que “milhares” de mulçumanos haviam celebrado 09/11 em New Jersey. Como Presidente, mente tão frequente e descaradamente, que pessoas monitorando fake news e outras distorções da verdade têm problemas em manter uma lista atualizada
Será que a doença vai mudar a maneira com que ele fala sobre COVID-19? Será que também vai mudar a percepção dos americanos sobre a doença? Julgando pela experiência de outros países governados por negacionistas, não necessariamente. Talvez a doença e recuperação de alguns deles, incluindo o Presidente Bolsonaro, inspire Donald Trump a alavancar mentiras previas, com pronunciamentos bombásticos subestimando a seriedade da doença e exagerando sua capacidade física como um marco nas últimas semanas da campanha eleitoral. Quem sabe, talvez aumentando sua aceitação por um eleitorado cansado de medidas profiláticas e contagem diária de óbitos
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