ELEITOR MERECE SABER A VERDADE Afinal, para que serve campanha eleitoral se não é pra revelar o passado suspeitíssimo de alguns candidatos?
Confesso que estou confuso, meu caro Paiakan. Eu imaginava, veja só, que o período da campanha eleitoral era o momento propício para população conhecer o passado dos candidatos. Vejo que não está sendo. Pelo menos não, aqui na Paraíba, especialmente em João Pessoa, onde, pelas mais recentes decisões judiciais, é proibido divulgar, comentar ou opinar sobre o prontuário de alguns personagens da disputa.
Quem acompanha a eleição nos Estados Unidos, onde se pratica a democracia mais sólida do mundo, já deve ter percebido que os candidatos são livres para falar abertamente de seus adversários. Já ouvi Biden chamar Trump de palhaço, mentiroso, bandido e até ser responsabilizado pelo avanço da Covid nos EUA. Já vi Trump detonar Biden, tachando de corrupto, de que se seu filho recebeu propina do governo da China e de ser vendido.
E não vi, igualmente, interferência da Justiça para impedir que se digladiem. Pelo contrário, os ataques são para isso mesmo: que os candidatos se desnudem perante o eleitorado, a quem caberá fazer o juízo. Afinal, de que adianta só permitir ataques depois de passadas as eleições? Os eleitores, sem todas as informações, podem terminar elegendo um corrupto ou um ladrão, dá no mesmo, porque foram impedidos de conhecer seu passado no período eleitoral.
É importante que a Justiça puna os excessos? Sem dúvida. A Justiça existe para isso mesmo. Então, nada de notícias falsas, mentiras e coisas do gênero. Inteiramente de acordo. Mas, é justo impedir que seja dita a verdade sobre determinados candidatos, apenas para não ferir a sua comovente sensibilidade? E onde fica o eleitor?
Afinal, se esta é a regra a prevalecer nas atuais eleições, estaremos privilegiando os candidatos de passado sujo, em detrimentos daqueles que não têm. É nivelar o jogo para beneficiar malfeitores. Este, até onde a vista alcança, não parece ser o papel da Justiça. Não é isto que o eleitor espera da Justiça. O eleitor merece nada menos que a verdade.