PENSAMENTO PLURAL Reflexões sobre o primeiro turno, por Palmarí de Lucena
Para o escritor Palmarí de Lucena, o resultado de primeiro turno das eleições 2020 revela que um predomínio de representantes de “representantes de oligarquias e nepotismo eleitoral, os chamados candidatos da “direita de sobrenome”, aqueles com grande influência econômica ou familiar, capilaridade em redutos eleitorais controlados por dirigentes políticos, fidelizados por benesses dos Fundos Partidário e Eleitoral”. Confira a íntegra de seu texto…
Clamando vitória da política, vereadores e prefeitos eleitos no primeiro turno, comemoram a aparente derrota do Bolsonarismo. Muitos deles candidatos do Centrão, grupo de partidos fisiologistas que mantém o Presidente em controle de uma agenda política de dogmatismo ideológico, personalismo e crescente descompasso com as prioridades do País, na saúde pública, proteção do meio ambiente, combate ao racismo e intolerável lumpenização do povo brasileiro.
Resultados do primeiro turno favoreceram representantes de oligarquias e nepotismo eleitoral, os chamados candidatos da “direita de sobrenome”, aqueles com grande influência econômica ou familiar, capilaridade em redutos eleitorais controlados por dirigentes políticos, fidelizados por benesses dos Fundos Partidário e Eleitoral. Auto identificados como “anteparo da racionalidade” contra o “extremismo” Bolsonarista, apresentaram-se como alternativa ao “populismo ideológico”, pelo retorno da política. Estratégia bem-sucedida para reconstituir a balança do poder da elite, diante da surpreendente ascensão de uma extrema direita popular, de outra forma organizada por seus sócios menores e subalternos, milícias presenciais e digitais, membros do aparato de segurança, defensores da militarização do poder, empresários de atividades extrativistas não-sustentáveis e pastores evangélicos.
A nova política dos velhos políticos, almeja apresentar um “rosto mais humano” expresso na tentativa de integração de representantes dos setores mais sistematicamente violentados da população, negros, LGBT, indígenas, mulheres, sem comprometer-se a mudanças nas politicas públicas e prioridades socioeconômicas. Opressão acumulada por estes setores, no entretanto, tem o potencial de galvanizar mobilizações populares pela transformação e maior representatividade no debate sobre questões nacionais.
Em 2013, o povo brasileiro provou mais uma vez que não é o gigante adormecido, temido pela oligarquia e oprimido com benesses de assistencialismo estatal politizado e tutela da população carente, como antídoto ao dissidio civil e a escolha educada dos seus representantes. Lamentavelmente, tentativas da direita oligárquica de demonizar as intenções destes grupos, com velhos chavões, uso da tática de reductio ad Stalinum, repressão a descontentemente cívico, oblitera o potencial da dissidência pacífica criar um clima genuíno de diálogo e mudanças, como aconteceu em vários países do mundo. Devemos sempre lembrar que a democracia é uma reunião que nunca termina…
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