UM ANO DE JUÍZO FINAL… Quando Ricardo Coutinho e parceiros de Orcrim foram presos na Calvário por desvio de R$ 134,2 milhões
Há exatamente um ano, na manhã de 17 de dezembro, a Operação Calvário batia à porta de Ricardo Coutinho e demais integrantes da organização criminosa desbaratada pelo Gaeco. A força-tarefa chegava com os mandados de prisão para o ex-governador, seu irmão Coriolano, a prefeita Márcia Lucena, a deputada Estela Bezerra, ex-secretários como Gilberto Carneiro, Cláudia Veras e Waldson de Sousa…
De quebra, seu advogado para assuntos de perseguição a jornalistas: Francisco das Chagas Ferreira. Ao todo, 17 pessoas. Foi realmente o dia do Juízo Final para o grupo integrante do esquema acusado de movimentar perto de R$ 2 bilhões e desviar, numa primeira estimativa e apenas em propinas, mais de R$ 130 milhões. Estavam expostas as vísceras do maior escândalo de corrupção já ocorrido na Paraíba e um dos maiores do País.
Então, desde aquele 17 de dezembro, a Paraíba tem acompanhado a saga da corrupção…
Naquele dia, Ricardo Coutinho, considerado o cabeça da Orcrim, viajava pela Turquia. Mas, alertado pela Polícia Federal e Interpol, retornou dia 19 ao Brasil, foi preso pela Polícia Federal, mas solto poucas horas depois, após uma estranhíssima decisão de Napoleão Nunes Maia, uma espécie de ministro camarada, que viria a absolver o ex-governador, em duas Aijes, que tramitaram no Tribunal Superior Eleitoral, nas quais depois foi condenado.
No paralelo, Estela não precisou da ação napoleônica. Foi salva por seus colegas de Assembleia. Mas, em fevereiro, o Superior Tribunal de Justiça e o desembargador Ricardo Vital, relator da Calvário no âmbito do Tribunal de Justiça, determinaram várias medidas cautelares, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica. Desde então, os acusados tiveram bens bloqueados, mas também obtiveram algumas vitórias.
Ricardo Coutinho, por exemplo, conseguiu se livrar da tornozeleira, graças à benevolência do ministro Gilmar Mendes (Supremo Tribunal Federal), sob a alegação de correr risco de pegar Covid, por conta dos defeitos em seu rastreador. Depois, foi também beneficiado por decisões do STJ com o fim do recolhimento noturno e poder circular livremente em finais de semana e feriados. Foi candidato a prefeito e terminou em sexto… Ou no cesto. Com se queira.
É previsível que os demais envolvidos também consigam a extensão dos benefícios. A exceção talvez seja Coriolano Coutinho que, acusado de violar o uso de sua tornozeleira, terminou preso novamente e ficou em situação bem complicada. E assim caminha a Calvário…