PENSAMENTO PLURAL O Natal será sempre um Natal, por Palmarí de Lucena
O escritor Palmarí de Lucena nos lembra, em sua bela crônica de Natal como, nesses tempos sombrios e de tantos distanciamentos, agimos tal “pequenas ilhas de pessoas humanas perdidas no mar tenebroso da incerteza”. E observa que, apesar da privação das companhias que fazem a alegria neste período, o “Natal será sempre um Natal”. Confira a íntegra do seu comentário….
Fantasmas daqueles que haviam partido, conhecidos ou desconhecidos, sentados ao redor da mesa em cadeiras vazias, nos lembrariam que nos transformamos em pequenas ilhas de pessoas humanas perdidos no mar tenebroso da incerteza. Humanidade desafiada a festejar no meio das vicissitudes que nos atormentam, o nascimento de um menino, que nos deu a alegria da fé, a exuberância silenciosa da paz, o afago da solidariedade e coragem para procurar uma brecha de luz, entre as nuvens negras que escondem a esperança de um horizonte ensolarado. O Natal de 2020 será diferente, a pandemia tornou perigoso nos juntarmos em grupos, pequenos que sejam, mas não impede de procurarmos conexões com aquilo ou aqueles que nos trazem alegria.
No meio de decorações festivas, musicas sazonais e espirito natalina, haverá sempre pessoas expressando descontentamento com o materialismo crasso, gastos exagerados ou mesmo ceias com perus recheados, devorados entusiasticamente por famílias, as vezes sem notar o baixo quilate gastronômico da oferenda ou os mesmíssimos da decoração da mesa de doces e salgados. Apesar de não constituir uma maioria, estudos revelam que uma alta percentagem de pessoas se sentem solitárias, estressadas ou perdidas em uma miríade de problemas pessoais. Lembre sempre que o mais importante não é se reconfigurar para se ajustar a ocasião, e sim configurar a ocasião para enquadrar-se ao seu gosto e realidade.
É importante focar no verdadeiro significado do Natal, em vez da versão comercial. Família e religião são os pilares dos sentimento de alegria que sentimos durante as celebrações natalinas, em contraste, os aspectos materialistas do feriado. Gastar dinheiro e receber presentes, foram identificados por dois pesquisadores em um artigo publicado no Journal of Happiness Studies in 2002, como contribuindo para pouca alegria ou serem associados com menos felicidade, mais estresse e resultados desagradáveis.
Mesmo não sendo religioso, pesquisas apontam que alegria nos feriados natalinos ocorre na companhia de outras pessoas, algo complicado no momento devido a limitações sanitárias impostas pela pandemia. É perigoso ou simplesmente impossível de compartilhar a ocasião com familiares e amigos. Se não poder convidar ou ser convidado, a melhor opção é reunir-se exclusivamente com o grupo de pessoas que residem no mesmo domicilio. Tecnologia como Zoom e outros aplicativos, podem criar um evento menos solitário e genuinamente natalino, reforçando raízes familiares, tradições orais e sentimentos de religiosidade. O Natal será sempre um Natal.
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