PENSAMENTO PLURAL A educação como instrumento de transformação, por Rui Leitão

É inquestionável que não há futuro que não passe pela via da educação. Em sua crônica, o escritor e historiador Rui Leitão observa como, atualmente, “isso não interessa aos vocacionados para a tirania, pois desejam formar mentes excludente”. Mesmo sendo um direito constitucional de todos, nem todos os governantes assumem esse compromisso cidadão de administrar com base nessa linha mestra. Confira íntegra do seu comentário…

“A educação é um direito de todos e dever do Estado e da família”. É o que preceitua a nossa Constituição. Pena que nem todos que assumem a obrigação de governar obedeçam tal determinação. E agem assim por decisão escolhida. Porque sabem que um povo que recebe educação se mostra mais capaz para exercer o senso crítico. Isso não interessa aos vocacionados para a tirania, pois desejam formar mentes excludentes. Não desconhecendo que a educação é um importante instrumento de transformação da sociedade, ficam motivados à resistência para implementação de políticas que garantam acesso indiscriminado da população ao saber.

Não há interesse em promover uma educação emancipatória, prevalecendo o propósito de melhor imprimir ações autoritárias sem o risco de contestações ou reações de desaprovação. Os déspotas têm a compreensão de que através da educação o cidadão fica mais preparado para enfrentar os desafios e os obstáculos que a realidade impõe, despertando para os ideais da justiça e equidade social. Isso é tudo o que eles não querem que aconteça. Preferem ter o domínio da situação mantendo o povo no obscurantismo e na ignorância.

A educação contribui para a formação de uma sociedade renovada, fraterna e participativa, desenvolvendo perspectivas de transformação para a construção de uma nação igualitária, imprimindo uma atuação cidadã que consagre os valores essenciais constantes da nossa Carta Magna. Constitui-se fundamento da evolução humana e o futuro das gerações. É preciso romper com o padrão de educação que condiciona as pessoas à passividade, preparadas apenas para atender os interesses das classes dominantes. Importante construir um modelo educacional que desperte a reflexão crítica. Paulo Feire nos ensinou que: “o processo de tomada de consciência das estruturas de opressão que envolvem o indivíduo é denominado conscientização”.

Não podemos abrir mão da oportunidade de nos capacitarmos a compreender e apreender o mundo à nossa volta, o que nos permitirá tornarmo-nos agentes de transformação social. Libertemo-nos do estado de alienação que querem nos impor, como meio de manutenção da ordem política e social vigente. Sejamos revolucionários, buscando a prática de uma educação transformadora, contrariando a continuidade do processo de manipulação das massas, desprovidas da capacidade de escolher nossos próprios caminhos, a partir das ações críticas e questionadoras. Coloquemo-nos em posição contrária aos que defendem a tese da ignorância como bênção.

Numa sociedade que se pretende democrática, educar é exigência imprescindível. É uma questão de afirmação da soberania popular. A educação não pode ser vista como uma concessão, mas sim como um direito, uma forma de inclusão social, respeitando, então, valores republicanos. Concebida como direito de todos e não como benesse de privilegiados.

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