PENSAMENTO PLURAL Dessecularização e atos antidemocráticos, por Palmarí de Lucena
A difícil transição que ocorre nos Estados Unidos é o mote do comentário do escritor Palmarí de Lucena. A recente invasão do Capitólio expôs uma fragilidade que não se conhecia da democracia americana. Mas, para Palmarí, o importante é deixar que “o Judiciário se encarregue de decisões importantes sobre a prisão, julgamento e eventual aprisionamento do ex-presidente, tão pronto quanto possível, como a única maneira de restaurar as fronteiras da lei e da decência”. Confira a íntegra do texto…
Embora prontamente desfeito, efeitos práticos da ocupação do Capitólio deixaram para trás símbolos inelegíveis. Bandeira Confederada ondulando triunfalmente nas mãos de extremistas, pelos salões do Capitólio, façanha nunca alcançada pelo General Jefferson “Stonewall” Davis, um dos heróis dos Estados Confederados da América, na Guerra de Secessão. Seguranças armados protegendo o recinto e ocupantes da Câmara de Deputados, das turbas extremistas. Bárbaro paramentado em vestimentas típicas de supremacistas brancos e fundamentalistas cristãos, ocupando ilegalmente com deboche e agressividade a cadeira da Presidente da Câmara de Deputados. O templo da democracia profanado por manifestantes usando a insígnia “Jesus nos Salve”, como uma folha de parreira para suas ações ilegais e inconstitucionais.
Visão pós-apocalíptica do caos e humilhação nacional, uma consequência direta da narrativa tóxica do Presidente Trump, replicada fielmente por oportunistas políticos como os senadores republicanos Josh Hawley e Ted Cruz, ambos buscando futuro apoio do eleitorado Trumpista, para suas pretensões presidenciais. Transformando a cerimônia de continuidade democrática em catalizador de ódio e traição à Constituição Americana. Infelizmente, a repercussão negativa do assalto ao Capitólio, não estimulou a maioria dos legisladores republicanos em apoiar a remoção do presidente por meios constitucionais ou de responsabilizá-lo criminalmente por incitamento à insurreição.
Eventos precedendo a posse do presidente eleito e lançamento do seu programa de governo, têm o potencial de acirrar disputas e aprofundar diferenças entre democratas e republicanos. Políticos sêniores recomendam paciência durante o período de transição, acompanhado de uma visão positiva do futuro do País. Deixando que o Judiciário se encarregue de decisões importantes sobre a prisão, julgamento e eventual aprisionamento do ex-presidente, tão pronto quanto possível, como a única maneira de restaurar as fronteiras da lei e da decência.
Lideres políticos que procuraram acesso e influência através de alianças políticas com insurretos e milícias separatistas, nos últimos quatro anos, ajudaram a desencadear movimentos antidemocráticos e terrorismo doméstico. Grupos tradicionais focaram esforços em reforma fiscal e reforma tributária, nomeação de juízes para os tribunais federais. Em termos de poder de fogo eleitoral, entretanto, foram os Evangélicos [brancos] de Trump, que resgataram influência social e poder político ao abraçar cinicamente um político corrupto, de conduta pessoal inconsistente com ética cristã.
“Não votamos em Trump para ser nosso pastor ou marido […] votamos por ele para ser nosso guarda-costas”, afirmou a líder do movimento “Concerned Women for America”. Pergunta-se então, que acontece se o guarda-costas é um bully, fanático, narcisista, autoritário, um brutamonte que aspirou destruir qualquer instituição democrática que ele não pode controlar? Talvez o caráter do guarda-costas seja de maior importância ou se os evangélicos não seriam mais protegidos apoiando líderes morais, que procuram o bem comum em vez de poder incontestado, evidenciado na conduta de Donald Trump?
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