Saúde pública na Paraíba vira caso de polícia
É constrangedor com a saúde pública não consegue sair do noticiário policial na Paraíba. Há poucos dias, um paciente portador de câncer terminou falecendo por falta de um medicamento específico que lhe daria sobrevida. Medicamento que o secretário Waldson de Sousa (Saúde) se recusou a fornecer, mesmo depois de determinação do desembargador José Ricardo Porto. Colocaram panos quentes no escândalo.
No inicio da semana, o Ministério Público da Paraíba ingressou com uma ação civil pública por improbidade administrativa contra a secretária Roseana Meira (Saúde, João Pessoa e, dizem, Estado). Roseana é acusada da prática de improbidade administrativa, ao celebrar contratos temporários com 81 profissionais da saúde em detrimento dos candidatos aprovados no último concurso público.
Um dia depois, a Justiça deferiu o mandado de segurança impetrado também pelo Ministério Público da Paraíba, obrigando Governo Ricardo Coutinho a custear as despesas com procedimento cirúrgico de uma criança cardiopata. Uma criança daquela tal fila da morte, que infelizmente voltou à Paraíba. Mais uma vez, o secretário Waldson havia descumprido a recomendação do PB para bancar as despesas.
Ameaçado de prisão, o secretário determinou a imediata remoção da criança para uma unidade hospitalar em Recife, onde a criança será cirurgiada. Num passe de mágica, o dinheiro apareceu para solucionar o problema. Mas, só depois da ameaça da Justiça. E fica a pergunta: que gestor é esse que se nega a atender ao cidadão que mais precisa, e só decide agir depois que é ameaçado pela Justiça?
Esse caso, meu caro Paiakan, me faz refletir sobre quantas vidas não terão sido perdidas, nos últimos tempos, de quem, ou não teve acesso à Justiça pra determinar providências junto ao poder público, ou a decisão judicial chegou tarde demais. Quanto paraibanos não morreram por absoluta falta de sensibilidade de gestores que só pensam em amealhar o dinheiro que é público e devia atender ao cidadão.
Que pena a saúde pública na Paraíba tenha resvalado vergonhosamente para as páginas policiais, num cenário em que o cidadão é tratado como reles detentor de um título de eleitor.