SALÁRIO DE R$ 13 MIL – MPF investiga por que Ricardo Coutinho desmontou CDRM e pôs advogado preso na Calvário como liquidante
Após denúncia formulada por um ex-diretor em julho do ano passado, o Ministério Público Federal abriu, em agosto, investigações para apurar a suspeita de graves irregularidades cometidas na CDRM (Companhia de Desenvolvimento de Recursos Minerais), pelo governo do Estado, durante a gestão Ricardo Coutinho.
São várias as ilegalidades apontadas na denúncia aceita pelo MPF, que decidiu abrir procedimento de investigação e apurar responsabilidades por crime de improbidade. Uma das linhas de investigação foi o nebuloso desmonte da empresa e sua consequente liquidação extrajudicial.
Com o detalhe de que, logo após desativação, o ex-governador Ricardo Coutinho nomeou seu advogado Francisco das Chagas Ferreira, contratado para processar jornalistas, como liquidante da companhia, com vencimentos de R$ 13 mil, e, assim, ele recebeu mais de R$ 600 mil em quatro anos.
O detalhe é que, em maio de 2019, já no governo João Azevedo, Chagas convocou uma assembleia para estender o posto de liquidante “por mais um ano”. E só não prosseguiu, porque os investigadores da Operação Calvário descobriram que Chagas recebiam dinheiro de organizações sociais, na forma de propina, e tinha estreita ligação com o esquema criminosa desbaratado pelo Gaeco. Foi preso e, atualmente, usa tornozeleira.
Outras denúncias – As denúncias, além do suspeito desmonte da empresa, também aponta desvio de recursos no programa de construção de barragens subterrâneas, sumiço de equipamentos, além de contratações ilegais de obras e funcionários.
No caso das barragens subterrâneas, o governo federal enviou recursos para a construção de 500 unidades, mas, segundo a denúncia, apenas 50 foram efetivamente construídas. “As demais ficaram apenas no papel e teriam virado propina”, revela um ex-diretor da companhia.
O detalhe é que a empresa contratada para realizar as obras não realizadas recebeu todos os recursos, e a CDRM, antes de seu desmonte pela gestão Ricardo Coutinho, não prestou contas de sua aplicação.
Desmonte – A CDRM, como se sabe, foi desmontada, em 2015, por Ricardo Coutinho. Sediada em Campina Grande, a companhia operava com perfuração de poços e prospecção de recursos minerais do Estado, além de possuir o maior acervo mineral do País. Um dos motivos de sua desativação seria a identidade que a empresa sempre teve com o ex-governador Cássio Cunha Lima.
Equipamentos – O Blog recebeu informação de que o espólio da CDRM se encontra num imóvel alugado (Av. Assis Chateaubriand, 263) em Campina Grande. “A maior parte das ferramentas não existe mais, equipamentos caros também desapareceram e até um maquinário de última geração para perfuração de poços está estocado em condições precárias, praticamente sem mais condições de uso. É um crime o que o governo Ricardo Coutinho fez com a CDRM”, disse um ex-diretor ao Blog.