PENSAMENTO PLURAL Medidas restritivas: Cícero e João estão corretos?”, por Tárcio Teixeira
O ex-candidato e presidente do PSol, Tárcio Teixeira, avalia, em sua crônica, os efeitos das recentes medidas restritivas adotadas pelo governador João Azevedo e o prefeito Cícero, para combater o avanço da pandemia na Paraíba, especialmente em João Pessoa. “João Azevedo e Cícero Lucena estão certos com as medidas restritivas, mas não podem querer jogar toda responsabilidade nas costas da população”, observa Tárcio. Confira a íntegra do comentário…
Cícero Lucena e João Azevedo são responsáveis diretos pela ampliação da contaminação e das mortes por COVID19 na Paraíba. A postura de ambos, na gestão e no processo eleitoral de 2020, contribuiu diretamente para o caos instalado na atual conjuntura. Bruno Cunha Lima e Romero Rodrigues conseguem ser piores. Explicarei.
A primeira morte por COVID19 na Paraíba ocorreu em 31 de março de 2020. Dois meses depois, 01 de julho, chegávamos a 1.002 mortos. A Paraíba vinha sendo vista como exemplo no enfrentamento a pandemia. No início de maio Santa Rita decretava Lockdown, em junho, mais precisamente entre 01 e 14, João Pessoa e outras cidades adotavam medidas de isolamento mais rígidas.
João Azevedo sempre teve uma postura mais responsável, infelizmente cedeu a pressões e, junto com alguns prefeitos passaram a afrouxar as regras visando apenas o processo eleitoral. Para ser justo, reconheço que a postura de Romero Rodrigues foi a pior de todas durante toda a pandemia, o mais bolsonarista e, consequentemente, o mais negacionista.
João Azevedo passou a ser parceiro direto de Cícero Lucena, na pré-campanha e na campanha eleitoral, dando espaço ao negacionismo de Bolsonaro por meio do PP dos Ribeiro, como já não bastasse a postura irresponsável do desqualificado Nilvan Ferreira durante as eleições. No primeiro turno já eram mais que três vezes o número de mortos, perdíamos 3.204 vidas.
Cícero tomou posse apresentando medidas de flexibilização, isso em meio a3.680 mortes em 01 de janeiro de 2021. Em meio a novas mutações do COVID19, o Prefeito e o Governador permitiram a abertura das escolas privadas. Hoje (23 de fevereiro de 20021) são 4.356 pessoas que deixaram saudades.
Verdade, algumas pessoas, em especial as apoiadoras de políticos negacionistas, não seguem as normas sanitárias, mas não podemos aceitar a narrativa de Cícero Lucena e João Azevedo de responsabilizar apenas essas pessoas, enquanto gestores públicos propagandearam essa postura, abriram o comércio sem a fiscalização devida, nada fizeram para acabar com os ônibus lotados, não buscaram formas alternativas de auxílio emergencial pelas prefeituras, como fez Edmilson em Belém-PA (PSOL/PA), ou pelo Governo do Estado.
Quanto a pergunta apresentada no título do texto, sim, João Azevedo e Cícero Lucena estão certos com as medidas restritivas, mas não podem querer jogar toda responsabilidade nas costas da população e do período carnavalesco, precisam assumir suas parcelas de culpa e mudar de postura. Quanto ao Bruno Cunha Lima, em meio a esse debate ele estava recebendo Bolsonaro em uma mega aglomeração, sem máscara, assim como Romero Rodrigues.
Que os gestores cumpram seu papel ou sejam responsabilizados por não fazer. Que nós, povo, também façamos a nossa parte. Que a esquerda saiba com quem andar, nas lutas e nas urnas.
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