PENSAMENTO PLURAL A velha Telefunken, por Laura Berquó
A advogada Laura Berquó resgata, com sua crônica, um tempo em que a televisão era o objeto de consumo de toda a gente. Uma TV Telefunken colorida, então, era sinônimo de status, mas também o ícone do fascínio na sala de estar, mesmo com os recorrentes problemas técnicos que apresentava. Mas, era a porta de entrada para um outro mundo, bem ali ao alcance de todos. Confira a íntegra de seu comentário…
Se a quarentena fosse nos anos 80, na minha infância, estaria brincando de boneca, refazendo lições da escola e com certeza vendo TV. A propósito, minha avó Laura morreu em 1986 e deixou dentre os bens de herança uma geladeira dos anos 70 em que eu me divertia porque na porta a gente poderia pegar água e outro bem foi uma TV Colorida Telefunken dos anos 70.
Hoje em dia os jovens são muito chatos. Muitas facilidades e muitas reclamações. Hoje toda modernidade vem sem nenhuma exclamação de surpresa da geração pós 90. Alcancei as TVs preto e branco. Horrível quando os botões da TV engrossavam com a gordura acumulada dos dedos e os canais trocavam só. Assepsia constante desses botões.
Ou a imagem começava a rolar e você tinha que dar um soco na lateral da TV pra imagem parar.
A Telefunken fez sucesso lá em casa. Assistíamos desenhos animados após o almoço para fazermos digestão e irmos estudar. A geração de hoje não sabe o que é uma TV que servia de móvel pelo tamanho e porque era revestida de madeira.
Um dia a Telefunken lá de casa resolveu dar problema, o que não era incomum para tvs daquela época. Só que a imagem foi diminuindo, diminuindo, diminuindo e as crianças hipnotizadas com aquele fenômeno olhavam fixamente até que a Telefunken explodiu e eu e meus irmãos saímos correndo e nunca mais chegamos perto de uma TV antiga por um bom tempo.
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