PENSAMENTO PLURAL Quando eu for vacinado…, por Palmarí de Lucena
As vacinas, não há o que questionar, são a melhor alternativa que temos para enfrentar a pandemia do novo coronavírus. Mas, a vacinação em si não resolve tudo. É preciso seguir as orientações sanitárias. Além de não imunizar imediatamente, pois tem um prazo mínimo para ter eficácia de 15 dias, ainda impõe a necessidade de seguir atendendo às restrições necessárias para evitar a propagação do vírus. Confira a íntegra do comentário do escritor Palmarí de Lucena…
A população mundial norteou-se por uma meta coletiva durante a maior parte de 2020, a chegada de uma vacina eficaz e segura contra a covid-19. Retumbando nos quatro cantos da terra, o refrão “quando eu for vacinado”, transformou-se no mantra de pessoas ansiosas por deixar de usar máscara, abraçar amigos e parentes, retornar ao que eles chamavam de vida normal. E é isto que algumas pessoas estão assumindo serem capazes de fazer, após a segunda dose da vacina, não obstante o fato da imunidade não ser considerada automática por autoridades sanitárias nacionais e internacionais.
O Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC), só considera uma pessoa “totalmente vacinada” depois de pelo menos duas semanas após completar o regime de imunização, ou seja, o tempo necessário para adquirir suficiente imunidade contra um caso sintomático da covid-19, podendo então modificar seu comportamento, socializando com grupos pequenos em lugares fechados, visitando pessoas ainda não vacinadas ou evitando quarentenas pós-exposição a pessoas com sintomas da covid-19.
Julgando pela avalanche de fotos, selfies e ares de felicidade de pessoas beneficiadas pela designaçao prioritária de sua faixa etária ou profissão, a primeira injeção do imunizante se há transformado em ocasião momentosa, no entretanto, ela é apenas o precursor de um processo que acontece gradualmente depois da última dose, o que é verdade em todas as vacinas.
Da perspectiva de proteção, nada significante acontece no dia da vacinação, fato que em si não justifica pânico sobre infecções detectadas no período próximo à injeção. Mídias sociais e negacionistas são em parte responsáveis por compartilhar chavões com informações sobre testes positivos de trabalhadores de saúde e personalidade vacinados recentemente. Casos como estes são esperados, a injeção simplesmente espalha um pacote de matérias de estudo no corpo, as células imunes devem então internalizar a informação sobre o invasor infeccioso, um processo que leva dias ou semanas.
Considerando as inúmeras dificuldades na aquisição, distribuição de vacinas no País e negacionismo nas altas esferas do governo, receber qualquer vacina é motivo de celebração. Imunização aumenta nas pessoas iterativamente, não é instantânea, acumulando-se gradualmente na população do País. Vacinas estão aqui após um ano de agonizante espera, agora nos toca a responsabilidade continuar seguindo medidas sanitárias e esperarmos um pouco mais pela nossa vez na fila da vacinação.
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