CPI DA COVID Decisão de Barroso atende o correto anseio de quem deseja esclarecer os fatos mas e se for um tiro no pé?
Sem arrodeios: por princípio, defendo, meu caro Paikan, a implantação de uma CPI para apurar os estranhos e esquisitos acontecimentos ocorridos durante a Pandemia, envolvendo o governo Bolsonaro. Ainda que possa parecer inoportuna, quem não deve, não teme.
Então, é justo que o Senado instale a CPI e que se aproveite, por que não?, para estender também o espectro das investigações para os governadores. Afinal, foi muito dinheiro em jogo no combate à pandemia, pulverizado por todos os Estado.
Pode até não dar em nada. Realmente pode. Mas, vamos relembrar? a CPI da Petrobrás, que teve o então senador Vital do Rego como presidente, não deu em nada. Não deu em nada, vírgula. Afinal, é até possível saber como inicia uma CPI, mas não se sabe como irá terminar.
Foi a partir daquela CPI que informações vieram à tona no paralelo das investigações e levaram ao Petrolão e à Operação Lava Jato. Então, não foi de todo perdida. Até bem pelo contrário. Por isso, qualquer investigação é sempre bem vinda.
Agora, meu caro Paiakan, desconfio que o ministro Roberto Barroso, que determinou ao Senado a instalação da CPI tenha criado um precedente perigoso para seus colegas de Supremo Tribunal Federal.
Como se sabe, também tramitam no Senado, pedidos de CPI e até de impeachment contra a atuação de ministros do STF, especialmente Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Então, que argumento terá Barroso para negar, a partir de agora, outros pedidos de senadores?
Lembrando que Jorge Kajuru (Cidadania/GO)é um dois senadores que acionaram o Supremo pela instalação dessa CPI da Covid. E Kajuru é, precisamente ele, um dos maiores defensores das investigações contra ministros do STF.
Pode ser apenas coincidência, mas em tempos de pandemia e outras mazelas, talvez haja mais do simplesmente aviões de carreira nos céus de Brasília.