PARA O GLOBO… Queiroga diz não temer CPI, explica atraso de vacinação e sinaliza protocolo para uso de remédios no tratamento precoce contra Covid
Em longa entrevista para O Globo, o ministro Marcelo Queiroga (Saúde), ao c0mpletar um mês no cargo, anunciou a preparação de um conjunto de protocolos com orientações quanto ao uso de medicamentos, ora já utilizados por médicos no combate à Covid.
O paraibano não se esquiva de falar de remédios como Cloroquina, Azitromicina, Ivecmectina entre outros, que foram demonizados por conta de questões ideológicas. Também sobre CPI da Covid, tratamento precoce, atraso na campanha de vacinação.
Cloroquina – De acordo com Queiroga, medicamentos como a cloroquina, incluídas no tratamento precoce, estarão descritos de acordo com o que há disponível sobre seu uso até o momento, em estudos observacionais: “O que vou fazer no Ministério da Saúde é submeter à Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS) a análise de todos os fármacos que se usam no tratamento da Covid-19, qualificando a evidência científica que há em relação a cada um deles. Porque aí fica claro.”
E ainda: “Só quem elabora o protocolo é a Conitec. Alías, isso já está sendo feito pela nossa equipe. E nós vamos publicar. E aí informaremos sobre a utilidade de cada um dos medicamentos no combate à Covid-19. Protocolo que vai ser feito não só sobre medicamentos mas sobre tudo, com todos os tipos de tratamentos. Vamos lançar em breve.”
Tratamento precoce – Indagado sobre o uso de Cloroquina, afirmou: “O que há é o desejo do presidente da República de que os médicos tenham a autonomia de tomar as melhores decisões para seus pacientes. Essa questão da autonomia médica é algo milenar. Em relação a esse fato, sabemos que a Covid foi descoberta no final de 2019 e, àquela época, não havia tratamento específico e ainda hoje não há tratamento específico. Várias medicações foram aventadas entre elas essas que você citou (cloroquina e ivermectina)”.
E ainda: “Hoje há consenso amplo de que essa medicação em pacientes com Covid grave, em grau avançado, não tem ação, embora em pacientes no estágio inicial, existem alguns estudos observacionais que mostram alguns benefícios desses dois fármacos que você citou. É uma questão técnica que médicos avaliam e, aí, tomam a decisão em relação à prescrição.”
Estudos – Durante a entrevista, indagado sobre se existem estudos para embasar suas declarações, o ministro afirmou: “Existem estudos que mostram que a dexametasona, naqueles pacientes que necessitam de oxigênio, reduz a mortalidade. Então isso não está na bula da dexametasona, que ela deva ser usada para a Covid, mas já há consenso na classe médica que esse fármaco é útil nessas condições.”
Comprovações – Marcelo Queiroga afirmou que alguns desses medicamentos são usados a partir de estudos observacionais e discorreu sobre os níveis de comprovação científica: “Nível A: evidência construída com estudos randomizados. Então você tem vários estudos randomizados testando aquela conduta. Quando você tem vários estudos, e esses vários estudos são incluídos no que chamamos de meta-análise, isso gera evidência uma A, que é a melhor evidência científica que nós temos. Mas, na nossa prática médica, nem tudo é feito com base em evidência nível A. Na evidência Nível B, tem estudo randomizado metodologicamente bem feito. Isso é uma evidência Nível B. Evidência Nível C: é a opinião pessoal do médico. Você diz “doutor, o que você acha?”. Estudos observacionais são evidências mais fracas, nível C. Mas não quer dizer que não possam ser empregadas.”
Vacinas – Na entrevista, o paraibano também explica quanto ao atraso da vacinas e isenta o governo: “O Brasil é o quinto país que mais vacinas distribui… Há uma dificuldade de vacinas a nível mundial… Mas só podemos ofertar vacinas para a população brasileira depois que as vacinas conseguem registro da Anvisa.”
Questionado se o governo teria dado prioridade à vacina da AstraZeneca, o ministro afirmou: “Pfizer já adquirimos 100 milhões de doses e tem negociação avançada para mais 100 milhões. A vacina da Jansen (Johnson & Johnson), da AstraZenca, a Coronavac. A Covaxin está em discussão na Anvisa. A Sputnik tem acordo de que uma vez aprovada pela Anvisa, poderão ser usadas no Brasil. Presidente já disse: teve chancela da Anvisa, deve ser considerada. Não tem questão de dar prioridade a uma vacina ou outra. Nos EUA quais as vacinas? Pfizer e a Moderna? É porque deu prioridade? É porque tem instâncias regulatórias próprias. Na própria União Europeia há vacinas que não estão autorizadas lá. E a dificuldade com vacinas é mundial, não só do Brasil. Brasil já é o quinto país que mais distribui vacinas.”
CPI da Covid – Sobre a comissão instalada no Senado, disse que “não há nada a temer”. Queiroga foi enfático: “Minha preocupação é com CTI, não com CPI. Não há o que temer. O Ministério trabalha com transparência e está à disposição para prestar eventuais esclarecimentos.“
(mais em O Globo https://glo.bo/3tRuxTC)