PENSAMENTO PLURAL Escárnio no caso Dias Toffoli, por Irapuan Sobral
Texto do advogado Irapuan Sobral expõe o momento vergonhoso que passa o País, especialmente neste caso envolvendo o ministro Dias Toffoli (Supremo Tribunal Federal), que foi delatado pelo ex-governador Sérgio Cabral. Conforme a denúncia, Dias Toffoli teria vendido sentença para beneficiar dois prefeitos do Rio de Janeiro, quando atuava no Tribunal Superior Eleitoral. Segundo Irapuan, trata-se de um escárnio o STF se negar a investigar, fazendo “cara de paisagem”. Confira íntegra…
É um vilipêndio à dignidade nacional o que está acontecendo com este país, oficialmente.
Parece que o Brasil brasileiro está anestesiado, de tanto perder a capacidade de indignação, com a paciência da fé nas instituições que foram criadas em seu nome.
Um juiz, ex-presidente da mais alta Corte Judicial (e ex-presidente da Corte que administra as eleições) está sendo ‘acusado’ (tomado o termo sem o sentido jurídico) de vender decisões. Os indícios são claros e estão à visita de quem quiser ver e ler.
E nada acontece!
Os tribunais, aos quais pertence o acusado, estão fazendo ‘cara de paisagem’, como se nada estivesse acontecendo. A pauta de julgamento diz respeito a salvação de corruptos e a um inquérito fascista que persegue os que exercitam as garantias individuais. Tudo sob o manto do confinamento obrigatório de todos.
À imprensa, salvo uma única exceção, a paisagem é agradável, porque aposta fichas no retorno às benesses do poder.
Nas redes sociais, continua a troca de adjetivos e a eterna comparação entre corruptos, como se quisesse, cada um, autorizar a sua própria corrupção.
O Senado, que é o juízo natural para o caso, apesar de inúmeros pedidos de processos contra juizes do Supremo e até de uma CPI para investigar casos tais, que se contam aos montes, sequer instala ou ‘ameaça’ abrir um processo, porque tudo ficou sob o comando do seu presidente, como se não fosse uma representação plúrima e colegiada.
A par disso, instala-se uma CPI para abastecer de notícias a vindita dos velhos jornais, ainda sobreviventes, na qual, a CPI, senadores, mais conhecidos por suas estripulias, inquéritos e processos, ficam falando a verdade enquanto se acusam, subvertendo a ortodoxia da linguagem na troca do pronome de tratamento de Excelência por Vagabundo ou Bandido.
A relação dos poderes é tão promíscua que sugere cumplicidade dos seus membros.
E o povo morre nos hospitais à mingua de ‘oxigênio’, em plena pandemia mundial.
Bem! Nas filas da vacinação sobram atestados para os chamados fura-filas, ao ponto de um militar, ministro do Governo, revelar que tomou a vacina escondido.
E têm os que fraudaram o Auxílio Emergencial que, de tantos, ficarão impunes, porque é impossível à polícia chegar a todos.
Os honestos, que aguardam, cada um, a sua vez, nos passos regulares da fila e da normalidade, são tratados como otários, quase criminosos.
É a inversão total dos valores.
O Brasil oficial perdeu a vergonha e está exigindo do brasileiro que entregue a sua dignidade (onde sempre moraram a nossa esperança e a nossa fé). Espero que, pelo menos isso, não consiga.
Indignai-vos!!!!!!
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