APÓS DECISÃO DE GILMAR Coordenador do Gaeco diz que MP não se ocupa do pecador, mas “do pecado e tudo que fere a lei”
O jornal O Estadão publicou, nessa sexta (dia 28), texto do promotor Octávio Paulo Neto, coordenador do Gaeco, tratando de recente decisão do ministro Gilmar Mendes (Supremo Tribunal Federal) que, atendendo pedido de advogados de Ricardo Coutinho, suspendeu a tramitação de uma das ações penais derivadas da Operação Calvário para a Justiça Eleitoral.
Octávio declarou, logo após o despacho, que a decisão do ministro foi equivocada. Em seu artigo no Estadão, Blog de Fausto Macedo, o coordenador do Gaeco postou que se deve sempre “caminhar para a integridade”, e que “o Ministério público não trata ou se ocupa do pecador, mas do pecado, do errado, de tudo aquilo que fere a lei e a Justiça”.
CONFIRA A ÍNTEGRA DE SEU TEXTO…
Alguns , no início da noite de ontem me questionaram sobre a decisão da Reclamação Nº 46.987/PB, aviada pela defesa de Ricardo Coutinho junto ao STF, fato absolutamente normal, mas que merece reflexão.
O Ministério público não trata ou se ocupa do pecador , mas do pecado, do errado, de tudo aquilo que fere a lei e a justiça.
Todas as mudanças advém de períodos de profundos atritos, das mais variadas ordens, marchas e contramarchas fazem parte do processo civilizatório. As mudanças nascem da resistência e da resiliência, sem reveses, sem a resistência da própria realidade, sem todas as ocasiões que tudo isso propícia, seria impossível refletir ou nos recuperarmos das perdas geradas, resumidamente, evoluirmos.
A luta pela integridade não se faz de episódios , mas sim pela consistência, pela insistência, pela constância. Lutar por um futuro mais digno é lutar para que todos sejam absolutamente iguais em direitos, mas principalmente em obrigações, é nisto que reside a essência do combate à corrupção, equalizar as oportunidades, tornar os ambientes públicos íntegros, edificar bases sólidas para a evolução natural da sociedade, evitar a barbárie, que o capital sujo dite a estrada e o caminho para nosso futuro.
A integridade vem do latim integritate, significa a qualidade de alguém ou algo a ser integre, de conduta reta, pessoa de honra, ética, educada, brioso, pundonoroso, cuja natureza de ação nos dá uma imagem de inocência, pureza ou castidade, o que é íntegro, é justo e perfeito, é puro de alma e de espírito. (Wikipédia)
Nesta perspectiva e por tudo que estamos vendo ocorrer no Brasil, percebemos a imperiosa necessidade de resistirmos na luta pela integridade, porque estamos lutando pelo que é justo, pelo futuro, por dias mais coloridos, por horas mais amenas.
Há reveses que acarretam o fortalecimento da vontade, nos dão forças para preservar no caminho, nos oferecendo impulso pada transformá-lo, fazendo-nos mais combativos, mais sábios.
O Brasil precisa acima de tudo de integridade, de segurança jurídica que revele que o certo é certo, sem firulas ou acomodações, de maneira bem simples, como dimensionar o preto e o branco, errado sendo errado, sem floreio, certo sendo certo sem dor.
Só assim iremos fugir deste processo corrosivo, desta dualidade de ideológica, pois quando privilegiarmos o que é certo por ser certo, iremos perceber que a única coisa a ser feita é fazer a coisa certa, quando isto ocorrer, estaremos, de fato, dando um grande passo ao futuro.
A corrupção causa ineficiência e desigualdade, é sintoma de um sistema político que está operando com pouca ou nenhuma preocupação com o interesse público mais amplo.
E esse esforço não pode ser nominal, uma vez que perseguições individualizadas não produzem uma verdadeira reforma. Apenas mudanças estruturais e de mentalidade é que resultarão no efetivo combate a corrupção, assim o caminho é longo e a luta intensa. “Deus nos proteja da bondade das pessoas ruins” ( Deus me proteja – Chico Cesar).