PENSAMENTO PLURAL O dia em que Facebook parou, por Palmarí de Lucena
Como será o mundo seu Facebook e outras redes sociais? Bem, bilhões de pessoas experimentaram essa situação em 4 de setembro, quando o serviço sofreu um apagão, levando junto WhatsApp e Instagram. Houve um princípio de caos, que somente se regularizou sete horas depois, quando aconteceu o restabelecimento de seu funcionamento. Em seu comentário, o escritor Palmarí de Lucena como “apagões tendem a reafirmar a dependência em qualquer que seja algo que deixou de funcionar”. Confira íntegra do texto…
Algo inesperado aconteceu segunda-feira, 04 de setembro de 2021, todos vestígios da existência do Facebook desaparecerem como se houvessem sido condenados ao oblívio, impedindo acesso a maior rede social do mundo, ao Instagram, a mais popular plataforma de compartilhamento de imagens e ao WhatsApp, o aplicativo de troca de mensagens via celular, preferido dos brasileiros. Ironicamente, técnicos que tentavam resolver o problema não conseguiram acesso as instalações da empresa, efeito colateral do pane no funcionamento do sistema de identificação de pessoal.
Em recentes semanas, Facebook tem sido alvo de críticas e revelações contundentes sobre a predominância do mercado pela companhia e atitude cavalheiresca diante de acusações sobre o mal uso e impacto negativo de conteúdo disseminado, nas suas redes e aplicativos. Apagão da Leviatã da mídia e rede social parecia ser o prenúncio de uma fissura no prestígio e desempenho financeiro da empresa fundada por Mark Zuckerberg.
Pura fantasia, o apagão não é o começo nem o fim dos problemas de Facebook, afirmou Ian Bogost, Diretor do Programa de Estudos de Filmes e Mídia da Universidade Washington de Saint Louis, Missouri. Infraestrutura é algo que não nos importa até quando um problema acontece, segundo especialistas, mas, quando uma falha ocorre, seja uma ponte ou Facebook, também não implica que mudanças drásticas ou resolução do problema ocorram ao longo prazo. Memórias de usuários se evaporam rapidamente e a infraestrutura torna-se invisível outra vez.
Pense quantas vezes as redes de comutadores de uma ou mais companhias de aviação pararam de funcionar, muitas vezes por dias, causando desconforto, constrangimento ou perdas materiais a passageiros. Eventualmente o problema é resolvido, aeronaves são abastecidas e voltam a voar. Apagões de todas as formas tendem a reafirmar a dependência em qualquer que seja algo que deixou de funcionar. No caso das redes sociais, assim chamadas, para o melhor ou para o pior, por ser a principal maneira de pessoas interagirem ou trocarem ideias nos tempos modernos.
Durante o apagão, muitos negócios e serviços que marcam presença na Internet, ficaram desconectados dos seus clientes e sofreram perdas inestimáveis, na esteira de danos causados pela pandemia. Para eles, Facebook é mais do que facebook.com. É também Instagram, Messenger e, mais importante, WhatsApp, um sistema de facto de telefonia, mensagens de texto, serviços de rastreamento, integrações e suporte a uma enorme variedade de páginas web de pequenas e grandes organizações.
Argumenta-se que o apagão não terá efeito duradouro, muito menos temporário, além de comentários de especialistas e uma farra de memes. Quando nos inteiramos da paucidade de mensagens e curtições, Facebook reapareceu. O breve e implausível sonho de que um gigante vitorioso de um trilhão de dólares, sendo derrubado por um apagão de poucas horas, desapareceu. Bandeiras azuis, aplicativos e serviços retornaram, usuários continuaram postando e curtindo, deslizando os dedos na telinha a procura de algum lugar, alguma coisa ou alguma pessoa. Ufa, habemos Facebook!
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