BOTIJA DA CALVÁRIO Magistrado se averba suspeito para julgar ação contra Gilberto Carneiro e Maria Laura
Em 26 de julho de 2019, Gaeco protocolou denúncia contra a ex-assessora Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro e o ex-procurador-geral do Estado, Gilberto Carneiro, por crimes de peculato e lavagem de dinheiro. Maria Laura, como se sabe, foi assessora de Gilberto.
Quase dois anos depois, eis que o processo, após ser recepcionado pela Justiça, ainda espera julgamento. Com um detalhe: o juiz Antônio Maroja Limeira Filho (5ª Vara Criminal) acaba de se averbar suspeito para julgar ação criminal, que envolve os réus Gilberto e Maria Laura.
Despacho do magistrado: “Por motivo de foro íntimo, averbo minha suspeição para analisar e julgar o presente feito.” O juiz cita a legislação que ampara sua decisão, e arremata: “Remeta o presente feito, com urgência, ao substituto legal.”
Denúncia – A investigação apontou que Maria Laura recebeu remuneração “sem a efetiva prestação do serviço no cargo de assessora especial na Procuradoria-Geral do Estado da Paraíba, com locupletamento aproximado de R$ 112.166,66, durante o período de julho de 2016 a abril de 2019”.
De acordo com a investigação, “o seu não comparecimento ao trabalho só foi possível por meio da conduta omissiva imprópria” do então procurador-geral do Estado, o segundo denunciado, para que ficasse à disposição dos interesses da organização criminosa, desbaratada na Calvário.
Botija – O Gaeco apurou que a denunciada também recebeu propina paga à Orcrim e ocultou sua origem ilícita, por meio da aquisição de patrimônio próprio em seu nome e de terceiros, a exemplo de um sítio no assentamento Nego Fuba, no município de Santa Terezinha, gado e outros.
Ainda: uma casa situada na Praia do Amor, no Conde, quatro terrenos no loteamento Fazenda Nova, em Santa Terezinha, e uma caminhoneta. Para o Gaeco ficou claro que Maria Laura desempenhava a função relativa à execução financeira das entregas e recebimentos monetários do esquema criminoso.
A força-tarefa também encontrou, enterrados numa espécie de botija, sapatos Christian Louboutin de Paris (US$ 3 mil), bolsas Louis Vuitton (até US$ 10 mil), óculos Armani (US$ 3 mil), notebooks (US$ 3 mil), celulares, CDs e… agendas.
Os achados arqueológicos encontrados pelo Gaeco nas escavações realizadas em propriedade de Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro, no assentamento Nego Fuba, revelam como eram dilapidados os recursos públicos desviados da Cruz Vermelha gaúcha.
Prisão – Laura foi presa na Operação Calvário IV, em 30 de abril, e permanece detida, enquanto negocia os temos de uma colaboração premiada com o Gaeco e a Justiça. Foi numa casa de Laura, no conjunto Costa e Silva, em João Pessoa, que a força tarefa encontrou fitas de papel utilizadas para acomodar maços de dinheiro que, segundo as investigações, foram retirados às pressas do local, com o início da operação.
CONFIRA A ÍNTEGRA DA DENÚNCIA…Operação Calvário Justiça torna Gilberto e Laura réus