PENSAMENTO PLURAL Os amor nos tempos da Covid, por Hélder Brito Teixeira
Em sua crônica, Hélder Brito nos brinda com um texto poético sobre o que pensa do amor, ao revirar “caixas empoeiradas da memória” e, adiante, pontua como “o amor nunca deve ser transformado em ódio, mágoa, ingratidão, desrespeito, é sagrado como o perdão”. Confira a íntegra de seu texto…
Reviro os baús, as caixas empoeiradas da memória e reconheço o som, o toque e os cheiros que me dão saudade. E me dizem o quanto fiz de minha vida uma intensa e forte relação com e por amor.
Quem convive comigo, sabe da intensidade dos meus sentimentos, de minha visão do mundo e das coisas que passaram por minha vida. São retalhos preciosos de uma vida intensa, turbulenta, mas que hoje, compreendo como foi recheada de um amor profundo e simples.
A intensidade do meu amor, do meu companheirismo, da minha gratidão, por tudo que passei e passo são marcas indeléveis da minha vida.
Amo com profundidade e até avexo-me em conter tão forte sentimento, para que não seja obsessivo e doentio. Amar não é carência, é necessidade, escolha e decisão. E uma decisão fácil, pois é intrínseco.
Acredito, inteiramente, totalmente, que a solução de nossas dores diárias é o amor.
Não estou falando do amor dos enamorados, mas o amor por coisas e tempo que precisamos para nos manter racionalmente humanos.
O amor é muito bem descrito na bíblia, longe de ser um papo de crente chato, na primeira carta que São Paulo escreveu aos Coríntios no capítulo 13:
“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos; quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino. Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma com que sou plenamente conhecido. Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.”
E não há, na literatura humana, definição tão clara, perfeita, precisa e definitiva sobre o amor.
O amor, que muitas vezes ignoramos, desprezamos, está em coisas tão simples que, as vezes, nem nos damos conta que é uma enxurrada, invés de apenas chuviscos.
Ontem, dia 16 de fevereiro de 2022, ao saber da morte de Arnaldo Jabor, imediatamente lembrei da letra de “Amor e Sexo” que ele escreveu e tia Rita Lee musicou, com a sensibilidade genial dela e que fala do amor dos amantes, atrevo-me a dizer, a parte profana da santidade do amor. E que toca os amantes. E talvez a face mais conhecida do amor, mas é apenas uma parte desse mundo amplo, geral e infinito do amar.
Amor não deve ser mendigado, implorado, está implícito para quem ama. O amor nunca deve ser transformado em ódio, mágoa, ingratidão, desrespeito, é sagrado como o perdão.
Aliás, só quem ama tem o direito divino de perdoar. Só quem ama, sabe que o perdão é a parte mais intensa do amor.
Não existe perdão sem amor.
Amigos, amigas, amem. Não há nada belo na vida sem ele. Sem amor, vemos as coisas em preto e branco. Sem amor, pequenas coisas boas perdem o significado. Sem amor, não há sopro vital, nem entendimento para coisas banais do dia a dia.
Experimentem colocar um tiquinho de amor em tudo que faça. De um prato de comida ao acariciar um pet e note, como faz uma diferença enorme ao espírito e a vida.
Amem, o tempo passa, é implacavelmente injusto e amando cada milésimo de segundo, vale a pena de ser vivido, é o tempo que nunca se perde.