PENSAMENTO PLURAL O mundo quer negar o amor e os relacionamentos: isso é possível?, por Ricardo Sérvulo
A cultura atual está tentando a todo custo mudar padrões e comportamentos relativos aos elos afetivos, particularmente, no que se refere ao amor nos relacionamentos. Em verdade, o foco tem sido negar a própria existência do amor, torná-lo piegas, fora de moda, ultrapassado e volátil, e isso tem inevitavelmente um preço a ser pago. Vejo que muitas pessoas influenciadas pela ‘cultura globalizada’ querem nos passar a ideia que estão felizes e resolvidas, bem, e maravilhosas, e não precisam amar (e fazem questão de externar isso a todos), pois ele, o amor, não existe e é uma utopia. Aí, quando começamos a conversar e sentir o seu íntimo notamos um vazio, principalmente quando motivadas pela emoção confessam os açoites e os insucessos amorosos e os desencontros. Sim, há um grande abismo emocional e uma fragilidade enorme, invasiva, lentamente torturante do ponto de vista existencial no ser humano médio.
Somos espécimes gregários, afetuosos, carentes de atenção, cuidado, afeto e carinho, nascemos pra vivermos um na companhia do outro. O que muitos não estão notando é que as pessoas possuem debilidades naturais e o tempo passa rápido e o faz com propósito firme e muito esmero. Acredite, o tempo galopa, os filhos crescem e, naturalmente, vão formar as suas famílias e tocar as suas vidas, eis o agir da lei natural do viver. Acontece que, a grande maioria não entende isso, e no futuro fica querendo viver a vida dos filhos como se dela fosse. Aqui, incorre num tremendo erro, antinatural, um verdadeiro pecado contra a própria natureza, batendo de frente com a sabedoria das leis cósmicas.
O mundo ocidental vem tentado ensinar isso às pessoas a todo custo – isso é ‘fake news’. Claro, há pessoas que se adaptam a viverem sozinhas, contudo isso não é o correr das águas do rio, é a exceção. Como falamos, somos frágeis (coisa que atualmente é proibido se admitir pela sociedade dos heróis virtuais, e dos corpos fabricados em variadas harmonizações), precisamos de companhia, companhia esta que não seja só a dos animais domésticos, na atualidade, elevados por muitos à categoria quase ou pseudo humana, os chamados ‘pets’; em si, clamamos pela companhia de gente, carecemos da presença de um parceiro por mais que se queira negar o óbvio, a força da mãe natureza fala bem alto, na verdade berra.
O mundo sempre foi assim e sempre o será; anote aí, quem viver verá. Tomemos o exemplo da “síndrome do ninho vazio”, que como se sabe é a casa vazia (quando os filhos partem, como falei), a dita síndrome quando não se tem uma companhia na vida fica pior ainda. Estão querendo redimensionar e redesenhar a ideia que Deus plantou na raça humana, isso nunca dará certo.
Precisamos de uma pessoa pra dividir um problema íntimo, algo sério, que nos aflige, tomar um bom vinho, comer uma bela massa, um boa carne, tomar um café fresquinho, rir e chorar também; e isso, um amigo não poderá sempre nos acompanhar, pelo menos o tempo todo, pois cada um tem a sua vida e suas lutas. É muito interessante termos um par no amor, como dizemos aqui no Nordeste, “uma parêia”, até pra ‘arengar’ no futuro. E, se até agora não deu certo um relacionamento é porque não foi a pessoa certa ou o momento não foi o adequado (fiquemos cônscios que não existe príncipe nem princesa encantados). Não nos enganemos, relacionamentos pressupõem entrega e quando se quer, ela existe e muito (de ambas as partes: é de se compreender isso, e tem que ser, pois se não for assim dá errado), desde que encontremos a “tampa da nossa panela” (não que seja perfeita a tal da tampa, isso não existe, óbvio), mas a ideia é que os defeitos da pessoa combinem mais ou menos com os nossos, e que tenham gostos parecidos, essa estória de que os opostos se atraem é mentira, tolice e inocência, os opostos tornam a convivência um inferno e inviabiliza tudo. Em síntese: o mundo quer negar o amor e os relacionamentos – e isso não pode ser materializado, vez que a vida tem a sua lógica peculiar.
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