PENSAMENTO PLURAL Importância de rituais cívicos, por Palmarí de Lucena
Em sua crônica, o escritor Palmarí de Lucena opta por refletir sobre o ritual cívico das eleições, e da votação por urnas eletrônicas adotadas no Brasil, que considera “fundamental na preservação da democracia e um potente antídoto contra o veneno daqueles que conspiram contra as instituições do Estado de direito”. Confira íntegra de seu comentário…
Esquecemos às vezes que votar não é apenas um direito e um dever, mas uma experiência que pode nos fazer sentir melhor sobre nossa comunidade e sistema de governo. Votaremos nas eleições de outubro 2022, como sempre votamos, com o espírito cívico com o qual exercemos preferência eleitoral nas urnas eletrônicas, fruto da redemocratização do País. É preciso estar ciente da importância da justiça eleitoral num regime democrático, que se fundamenta em torno da definição da cidadania eleitoral, quem pode votar e quem pode ser votado e principalmente, da garantia de que o voto na urna eletrônica é, de fato, o voto apurado e atribuído ao candidato ou partido escolhido pelo eleitor de forma consciente e livre de influências ilícitas, que distorçam a sua percepção da realidade.
Eleitores que optam por ausentar-se ou isentar-se de participar na escolha de candidatos reclamando de querer mais e melhores escolhas nas eleições, correm o risco de perder uma oportunidade de influenciar essas opções, em vez de tentar redescobrir a satisfação de participar presencialmente do processo eleitoral. O ritual cívico de interagir com concidadãos em seções eleitorais, é uma das muitas maneiras de construir tolerância e resiliência na nossa democracia. Votar renova nosso compromisso com a vida cívica da comunidade, de lembrar que nosso voto não é mais ou menos importante do que o de qualquer outra pessoa. É um experiencia que nos torna simultaneamente introspectivos e empoderados.
Em poucas semanas, regressaremos a mesma seção eleitoral onde digitamos nosso voto em eleições passadas. Esperamos encontrar muitas pessoas amigas, que não víamos desde a chegada da pandemia, desfrutaremos de momentos de convivência social, troca de abraços e histórias de sobrevivência, antes de exercermos nosso dever cívico. Pessoas nos orientarão sobre onde devemos nos apresentar, mostrar credenciais e pressionar as teclas da urna eletrônica. Ritual desprovido de tensão e ingerência político-partidária, celebrado por pessoas voluntariando como mesários, de forma consciente e espontânea, executando uma tarefa extremamente complicada, sem expectativa de ganho pessoal. Expostos ao risco de enfrentar situações potencialmente arriscadas, devido ao clima de polarização do certame eleitoral de 2022.
Após verificar nossas credenciais, seremos autorizados a proceder para a cabine eleitoral. Sozinhos, digitaremos os números de nossas escolhas eleitorais, exercendo o poder de um voto numa grande democracia. Sairemos da seção com o sorriso de missão cumprida, sem prestar grande atenção as outras pessoas que estava nos salão, se eram da direita, esquerda ou centro, o importante é que todos votaram livremente, uma boa razão para sentir-se otimista e valorizar a democracia brasileira. Que venha 02 de outubro!
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