PERGUNTAR NÃO OFENDE… Por que a Justiça não dá uma resposta à sociedade e julga os réus da Calvário?
Quando uma servidora do Judiciário protocolou pedido ao Tribunal de Justiça pela indicação de um juiz para julgar as ações da Operação Calvário, ela não falou apenas por si, meu caro Paiakan, mas por toda a sociedade.
Também fala pelo Gaeco, que comandou as investigações, e, inclusive, ironicamente pelos próprios réus, que, enquanto as ações não julgadas, permanecem com a espada sobre a cabeça, ante a dúvida de serem ou não culpados.
Desde dezembro de 2018, quando a Operação Calvário foi deflagrada, houve mais de uma dezena de prisões, incluindo ai o ex-governador Ricardo Coutinho, considerado pelo Ministério Público o cabeça de uma suposta organização criminosa.
Dezenas de suspeitos foram indiciados e outros tantos tiveram que usar tornozeleiras, por envolvimento em nada menos do que 24 denúncias do Gaeco e 13 ações penais acatadas pela Justiça, e exatamente estas que aguardam julgamento.
Levantamento do MP aponta que mais de R$ 430 milhões teriam sido desviados dos cofres públicos, para enriquecimento ilícitos, compra de votos e financiamento ilegal de campanhas dos agentes envolvidos.
Nos últimos quatro anos, ações penais viajaram entre várias varas criminais, após seguidas averbações de suspeições de magistrados. Contam-se dezenas de averbações. Com isso, as ações seguem sem julgamento.
Além do mais, os réus têm protocolado quilos e mais quilos de recursos, que aparentemente contribuem com a procrastinação do julgamento desses feitos. Recursos, inclusive, que pretendem levar o julgamento para a esfera eleitoral, onde a sorte parece favorecer alguns réus.
E assim, mesmo com um apanhado gigantesco de provas, entre delações e gravações dos principais atores, negociando propinas e até mesmo décimo terceiro de dízimos, as ações permanecem aguardando um julgamento. É essa demora que leva a população indagar onde está a Justiça.
Por que tanto tempo para julgar? Afinal, Justiça que tarda é a Justiça que falha. E é incompreensível, porque os próprios réus podem se beneficiar dos julgamentos, porque, se correm o risco de serem condenados, também poderão ser absolvidos.
E o fato é que, enquanto a Justiça não julga, o cidadão, que paga toda a conta, da Justiça e dos malfeitos com o erário, aguarda por uma resposta para suas indagações, e os eventuais culpados (se houverem), meu caro Paiakan, estão livres para seguirem atuando conforme a sua vocação.