MISTÉRIO NA CALVÁRIO Mais um juiz se averba pra julgar Ricardo Coutinho e familiares em ação por suposto desvio de R$ 3,4 milhões
Sem dúvida, é um mistério. Por que tantos juízes se averbam suspeitos para julgar o ex-governador Ricardo Coutinho em ações penais remanescentes da Operação Calvário?
No episódio mais recente, o juiz Rodrigo Marques Silva Lima (6ª Vara Criminal) se averbou, por “motivo de foro íntimo”, e, com isso, a ação vai passar par um outro magistrado.
Detalhe: no conjunto da obra, Rodrigo Marques é o 10º magistrado a recusar julgar as ações por motivo de suspeição, o que termina por chamar atenção da população.
O número elevado de suspeições fez o Gaeco peticionar pela designação de um novo juiz para o caso alegando lentidão processual.
Pra entender – Em janeiro de 2022, o juiz Marcial Henrique Ferraz da Cruz (2ª Vara Criminal) acatou denúncia do Gaeco, resultante da Operação Calvário fase.
Foram declarados réus Ricardo Coutinho e seus irmãos Coriolano, Raquel, Valéria e Raquel Coutinho, além dos além dos contraparentes Breno Dornelles Pahim Filho (esposo de Raquel), Breno Dornelles Pahim Neto e Denise Krummenauer Pahim.
Na ação, eles respondem por suposta ocultação de bens e lavagem de dinheiro durante o governo Ricardo Coutinho, especialmente na relação com organizações sociais que atuavam na Saúde e na Educação.
Também foi identificado o entrelaçamento das famílias Coutinho e Pahim com o objetivo de desviar e ocultar recursos públicos. Os desvios teriam ocorrido entre 2011 e 2018. Na denúncia, o MP cobra dos envolvidos, apenas nesta denúncia, R$ 3.376.268,31, supostamente desviados pelo esquema.
Ao todo, nas 24 denúncias oferecidas, o Gaeco estima em mais de R$ 450 milhões os recursos desviados pela organização criminosa. (mais em http://bit.ly/3o7IAnd)
Suspeições – Afinal, por que exatamente nas ações penais da Calvário isso vem acontecendo? Levantamento realizado pelo Ministério Público revela que, apenas nesta ação, os seguintes juízes averbaram suspeição, para julgar o feito:
- Shirley Abrantes Moreira Régis (em 2/9/21),
- Antônio Maroja Limeira Filho (em 13/9/21),
- Ana Carolina Tavares Cantalice (em 20/9/21),
- Isa Monia Vanessa de Freitas Paiva (em 5/9/21),
- José Márcio Rocha Galdino (em 8/4/22),
- Marcos William de Oliveira (em 11/4/22),
- Marcial Henrique Ferraz da Cruz, que, em 14/3/22, determinou retorno do processoà 6ª Vara Criminal.
Até nas ações remetidas para a Justiça Eleitoral, por determinação do ministro Gilmar Mendes (Supremo Tribunal Federal), a pedido do ex-governador Ricardo Coutinho, há algo similar, num período de 35 dias:
- Magnogledes Ribeiro Cardoso (em 7/3/22),
- Onaldo Rocha de Queiroga (em 30/3/22),
- Hermance Pereira (em 11/4/22).