LAVAGEM DE DINHEIRO… MPF aponta que a BraisCompany tentou se desfazer de imóveis e bens para despistar fraude
O casal Antônio Neto e Fabrícia Farias , donos da Braiscompany, foi alvo de mais uma denúncia do MPF (Ministério Público Federal). Além deles, também foram denunciados um doleiro e mais quatro investigados no esquema por lavagem de dinheiro.
Como se sabe, a Braiscompany é investigada por crimes contra o sistema financeiro e o mercado de capitais. A empresa teria movimentado mais de R$ 2 bilhões de ativos de seus clientes, promovendo um desvio ainda não devidamente computado, mas estimado em mais de R$ 500 milhões.
A nova denúncia do MPF afirma que, na fase de “desmoronamento” da empresa, o casal-proprietário realizou operações financeiras de grande porte típicas de lavagem de dinheiro, inclusive para se desfazer de imóveis e bens do casal.
Segundo a denúncia do MPF, “Ao longo de toda a atividade empresarial, mas especialmente na fase final de desmoronamento da empresa, os sócios ANTÔNIO NETO e FABRÍCIA FARIAS realizaram operações financeiras ilícitas de grande porte e típicas de atos de lavagem de capitais com JOEL FERREIRA DE SOUZA, inclusive para se desfazer do seu patrimônio em imóveis e bens móveis de alto valor (a exemplo de uma aeronave)”.
Antônio e Fabrícia teriam utilizado o doleiro Joel Ferreira de Souza para fazer a lavagem do dinheiro. Joel, ainda de acordo com o órgão ministerial atuava realizando transações criptográficas, seja recebendo em espécie e disponibilizando em criptoativos e vice-versa.
Denunciados – Foram denunciados pelo MPF Antônio Inácio da Silva Neto (Antônio Neto Ais) e Fabrícia Farias Campos, donos da Braiscompany, além de Victor Augusto Veronez de Souza, Joel Ferreira Souza, Mizael Moreira Silva, Clélio Fernando Cabral do Ó e Gesana Rayane Silva. A denúncia é assinada pelos procuradores da República Acácia Soares Peixoto Suassuna e Bruno Barros Assunção.
A denúncia também aponta que Antônio Neto e Joel Ferreira mantinham relações profissionais desde 2018, antes mesmo da empresa Braiscompany existir. O relacionamente entre eles continuou até a fase final da empresa, em fevereiro de 2023.
Após longo tempo foragido, Antônio Neto Ais foi preso na Argentina, onde segue detido até decisão do governo argentino sobre sua extradição. Fabrícia Campos foi presa, inicialmente, mas depois foi colocada em liberdade provisória. Neto Ais e Fabrícia e outros réus já foram condenados em uma das ações apresentadas na Justiça.
O escândalo – Em 16 de fevereiro de 2023, a Polícia Federal deflagrou a Operaão Halving, que cumpriu vários mandatos de busca, apreensão e prisão, contra o esquema investigado por patrocinarem crimes contra o sistema financeiro e mercado de capitais, através da BraisCompany, que teria movimentado, durante suas operações, mais de de R$ 2 bilhões. O rombo estimado superaria aos R$ 600 milhões.
Os mandados foram cumpridos em sedes da empresa em Campina Grande e São Paulo. De acordo com as investigações, a empresa prometia um retorno financeiro de 8% ao mês, algo irreal para os padrões do mercado. Milhares de pessoas investiram suas economias pessoais na empresa.
Como funcionava – A empresa era especializada em gestão de ativos digitais e soluções em tecnologia blockchain. Os investidores convertiam seu dinheiro em ativos digitais, que eram “alugados” para a companhia e ficavam sob a gestão dela pelo período de um ano. Os rendimentos dos clientes representavam o pagamento pela locação dessas criptomoedas.