Acaba o namoro: Anísio esquece eleição e detona Agra
Demorou pouco o namoro do PT de Luciano Cartaxo e Anísio Maia com o ex-prefeito Luciano Agra. Anísio, nem esperou baixar a poeira da eleição e, aparentemente, já esqueceu do apoio decisivo para a eleição de Cartaxo. Bateu abaixo da linha de cintura em Agra, por conta da parceria público-privada da Prefeitura com o Manaíra Shopping.
Anísio, Maia por derradeiro, pegou pesado, quando afirmou que Agra havia, na verdade, firmado uma “picaretagem público-privada” com o empresário Roberto Santiago, proprietário do shopping. Tudo por conta do suposto crime ambiental que o empresário estaria cometendo, por avançar ilegalmente em áreas do rio que passa nas proximidades.
Não se pode, é claro, contemporizar com quaisquer ilegalidades, mas será que Anísio abriria as suas baterias, se o episódio tivesse ocorrido, por exemplo, no período eleitoral? Naquele período, o então prefeito Agra era louvado como salvação da lavoura. E ninguém em sã consciência pode desconhecer a importância de Agra na campanha vitoriosa do PT.
Não vêm da gestão de Agra as parcerias do shopping e outras entidades com a Prefeitura de João Pessoa. É uma prática que vem da gestão de Cícero Lucena, e foi potencializada por Ricardo Coutinho, que coroou sua performance, já como governador, na permuta com o terreno da Acadepol. E, nesse caso, o problema não é do empresário, mas de quem topa fazer o negócio.
O Manaíra Shopping é um dos maiores empreendimentos privados do Estado, talvez do Nordeste. É claro que seu proprietário irá procurar meios para se expandir e, eventualmente, evitar que surja concorrência. Faz parte do capitalismo selvagem praticado nos trópicos. O inconcebível é o poder público se tornar partícipe e cúmplice, alegando contribuir com o progresso. Talvez com interesses inconfessáveis.
O erro de Agra foi seguir a cartilha deixada por Ricardo Coutinho na Prefeitura. E não apenas nesse caso do shopping. Mas, também no Caso Cuiá, Jampa Digital, Gari Milionário, compras superfaturadas (aliás, denunciadas por Anísio) e tantos outros escândalos mais. Agra vai pagar um elevado preço por sua subserviência pretérita. Como, ironicamente, também pagou por sua insubordinação ao ex-chefe.
O ataque de Anísio traz, na verdade, uma sinalização interessante. Como o prefeito Cartaxo, do PT, foi eleito com o apoio de Agra, e seria, em tese, um governo de continuidade, talvez tenha se tornado estratégico separar logo as águas, antes que a administração petista se contamine com os escândalos do ex-prefeito. Talvez Agra tenha sido ingênuo em acreditar que sairia incólume.
Se é o caso, Anísio cumpre muito bem sua missão.