A queda do avião, a graça do governador e outras celebrações
Muito tocante, meu caro Paiakan, a iniciativa do governador Ricardo Coutinho promover uma celebração ecumênica no Palácio da Redenção (às 18h desta quarta, dia 30), para agradecer a graça de ter sobrevivido ao acidente com avião do Estado em Campina Grande. Não apenas ele, mas também o secretário Ricardo Barbosa, o piloto Nilton Pinheiro e o ajudante de ordens Anderson Pessoa.
Pelo visto, nosso devoto governador, antes tão refratário a certas práticas religiosas, decidiu arraigar sua fé nessa segunda metade de seu Governo. Uma constatação que, sendo de fato verdadeira, certamente será motivo de contentamento para muitos que andaram sofrendo e sendo perseguidos na Paraíba, sob um credo republicano, mas muito pouco democrático.
Sendo assim, os servidores do antigo Ipep vão poder sonhar, enfim, com sua redenção. Pelo menos também poderão ter orações por sua pouca sorte, desde janeiro de 2011, sob gestão girassol. E talvez algumas missas ecumênicas sejam celebradas também em memória dos que morreram subitamente, surpreendidos com a perda de suas vantagens salariais. É uma esperança.
O pessoal do Fisco, que teve os subsídios sumariamente surrupiados, poderá ser abençoado com o retorno desse dízimo, e ainda terá, quem sabe, direito a algumas ave-marias. Os professores certamente merecem uma celebração particular, por terem sobrevivido nesse período bravamente, com um plano de cargos que esteve do purgatório para dentro.
E os médicos? Ah, os médicos teriam direito a receber uma mea culpa do nosso ínclito, preclaro e insigne governador, uma celebração campal e votos de que jamais serão tratados novamente a golpes de furadeiras. Já os 30 mil servidores demitidos merecem muito mais, pelo inferno que tiveram de enfrentar desempregados nesse tempo de tantas trevas. Uma novena será pouco.
Ou seja, meu caro Paiakan, a julgar pela nova prática que o governador inicia nesta quarta-feira, a Paraíba poderá, enfim, ter salvação.